O Poeta e a Poetisa
(amor e sexo virtual dominando corações)
As telhas de zinco que cobriam o alpendre da casa velha, cercada de lindas flores e que ficava entre arrozais na periferia de uma cidade no Japão, trepidavam e faziam um barulho ensurdecedor, como se estivessem sendo arrancadas pela força do vento cortante que assoviava enquanto entortava as copas das árvores, derrubava bicicletas e tudo que encontrava em sua passagem. Era o primeiro furacão daquele inverno e por sorte o poeta estava de folga, não tendo que sair dela.
Com o ar condicionado ligado, para aquecer o seu quarto, ele se sentia distante da balburdia que a natureza provocava e do ar gelado que fazia a pele das pessoas arderem, como se milhares de agulhas as estivessem penetrando. Tinha tomado um banho e depois sentado em frente ao PC, para navegar e passar o seu tempo. Estava ainda nu, e com o corpo molhado, quando se sentou em frente ao computador e entrou no site em que publicava seus textos para ler os últimos trabalhos dos outros autores que também ali publicavam.
Entrou na página que continha a lista com os nomes dos autores e percorrendo aleatoriamente por ela clicou em um deles porque o achou sugestivo e bastante interessante. Na página que abriu viu que entre os tópicos nela existentes o que tinha o maior número de textos era em erotismo e ficou curioso, pois escrevia também muito sobre o assunto. Clicou em um dos títulos e leu o texto que aquela página que abriu continha.
Todas às vezes,
Em que nos encontramos,
De amor nos embriagamos,
Nossos sexos latejantes,
Estamos ambos ofegantes,
Somos um do outro amantes...
Amantes bandidos,
Por tesão unidos,
Carências preenchemos,
Quando nos saciamos,
De desejos pervertidos,
Querência tamanha,
Não existe outra igual,
Em nosso cio animal...
Sinto uma vontade louca,
De ter seu gosto em minha boca,
Em chamas estou ardendo,
Por estar a você,
Neste momento querendo...
Um furor alucinado,
Estamos de suor banhados,
Queremos apenas arrefecer,
Este nosso louco prazer,
Que a ambos desatina,
Com um furor descontrolado,
Neste ambiente impregnado,
Com nosso cheiro de pecado...
Corpos entrelaçados,
Em redemoinho de paixão,
Nada aplaca o tesão,
Das bocas se procurando,
Línguas penetrando,
Em lugares proibidos,
Novos meios vamos achando,
Como dois ensandecidos...
Homem e Mulher que voltam a renascer,
Na loucura do prazer encontrar,
Sentimentos que não irão arrefecer,
Se os sexos não vierem a saciar...
Minha pele fica arrepiada,
Quando vejo seu olhar penetrante,
Como se fosse comer,
Meu corpo nu e vibrante,
E desejando suplicar,
Para que o deixe,
Em minhas entranhas se perder,
Sem querer o caminho de volta, achar...
Nossas mãos vão se tocando,
O sexo um do outro procurando,
Estou agora me sentindo molhada,
E ao notar você não resiste,
Ficando rapidamente
Com seu membro em riste...
Quero a você enlouquecer,
Sugando-o com tanto prazer,
Minha gruta em sua perna,
Vou eroticamente roçando,
Sinto fortes contraturas e espasmos,
Amor, estou por ti gozando...
É um jogo que a ambos alucina,
Nos sufoca e nos domina,
Você não consegue resistir,
E, em jatos dentro de minha boca,
Faz-me sua seiva quente, engolir...
Este gosto agridoce que sinto agora,
É o fruto da paixão que nos devora,
Dou um beijo de língua em sua boca,
Quero que sinta o gosto,
Dessa sua coisa louca...
Você volta a ficar ereto novamente,
Vamos dançar num ritmo alucinante,
Não ligo se morresse,
Em seus braços quentes,
De Prazer, nesse instante...
O poeta ficou encantado com a singeleza existente na força dos sentimentos contidos nas palavras que leu. Aquela poetisa amava com grande intensidade e verdadeiramente. Depois de ler vários trabalhos dela sentia-se encantado com a personalidade marcante da autora. Ela expunha a alma nas letras que escrevia, confessando sua paixão pela beleza, pela pureza da carne, pelo sexo sem ter preconceitos, pudores ou vergonha. Era uma mulher maravilhosa que amava sem sentir vergonha disso.
Leu várias vezes o texto e muitos outros da autora. Vários trechos que encontrou nas poesias ele os releu saboreando-os.
...Por sua causa, me sinto cada vez mais descarada. A cada dia mais despudorada
e disposta a satisfazer os seus desejos. A deixar que você explore o meu corpo com sua língua e seus beijos e dele retire todo o prazer possível, como um irracional, tal qual um animal...
Sou a sua putinha sacana e estou aqui, bem aqui, na minha cama nua me bolinando, à espera que você apareça logo para acabar com esta minha febre, para saciar meu tesão...
...Este desejo por mim sentido é um tanto pervertido, mas algo que me alucina, arrebata-me e me fascina a cada vez que penso em ti.
Quero proteger minha mente destes pensamentos indecentes e tão inconseqüentes,
que me fazem ficar insana como uma devassa profana, pensando a ti me entregar,
mesmo sem saber onde e como será que vamos nos encontrar...
Não posso mais agüentar esta vontade a me queimar o tesão que me enlouquece,
que me deixa desfalecida.
A nudez desprotegida com minhas coxas abertas, com o sexo a te chamar. Na cama a me contorcer sentindo até teu cheiro, eu te quero por inteiro...
...Quando juntos estamos de amor começamos a falar e eu e você já sabemos onde tudo irá acabar.
No calor de nosso leito só quero amor lhe dar, carinhos mais que perfeitos para seu tesão despertar!
Beijando você todinho, da cabeça até os pés, sinto seu corpo retesar com a paixão violenta a chegar.
Este meu desejar maluco que sem preconceitos imponho, tem um amor tamanho que não me importo com nada. Agarro-te, te beijo e domino varando de tesão por toda madrugada .
O calor que nos invade é tanto, o suor escorrendo e se misturando. Sua boca em meu corpo não para e me esfrego toda em seu rosto, gemendo alucinada e demente.
Quando vou por cima sinto um furor tão grande que o deixo esgotado de amor e saciado pelo meu sabor. Ainda não satisfeita provoco você novamente, porque quero agora amar de um jeito bem diferente.
Sou sim, uma louca insaciável e dona de um desejo sem fim! Quando estou com você eu o quero o tempo todo, entrando e saindo de dentro de mim...
Horas depois, quando ele foi dormir, demorou em pegar no sono. Não conseguia parar de pensar na poetisa desconhecida que morava lá em Niterói, do outro lado do mundo.
Quando finalmente dormiu sonhou a noite toda com nuvens branquinhas, pelas quais caminhava uma mulher maravilhosa. Ela estava nua, coberta somente por um véu transparente. Tinha um corpo fenomenal: pernas longas, coxas grossas e redondas, seios fartos e pontudos. Todo ele era formado por linhas perfeitas e seu andar elegante e suave sobre a superfície branca, como se ela fosse sólida, dava para aquela visão um ar de sensualidade e magia.
Os cabelos delas eram longos, loiros e muito brilhantes. Eles caiam como uma cascata dourada sobre os ombros delicados dela e o poeta só não conseguia perceber as formas do seu rosto. Sabia que era lindo. Enrolado nos lençóis o poeta murmurava dormindo um nome o tempo todo, pois sonhava sonhos maravilhosos cheios de cores e com muita luxuria.
Graça... Graça... Graça...
Era o nome da desconhecida que escrevera os lindos versos luxuriantes que tinha lido antes de dormir.
No outro dia, logo pela manhã, entrou em contato com ela e eles ficaram amigos. Passaram a trocar e-mails e em um deles a poetisa enviou para o poeta uma fotografia sua. Já não eram somente as palavras e os versos sedutores escritos por ela que o conquistavam, mas agora havia a imagem de uma bela e sensual mulher a brincar com os seus sentimentos.
Essa noite voltou a sonhar com a moça loira nas nuvens. Agora ela tinha um rosto e não estava sozinha. Nua como ela se encontrava um número enorme de belas mulheres, todas deitadas em poses eróticas e cheias de classe. Elas eram loiras como a poetisa, morenas, ruivas, negras, todas encantadoras e fatais.
Nesse sonho o poeta passeava – também nu – entre elas, que lhe sorriam e seus sorrisos faziam maravilhosas promessas de amor e satisfação carnal.