Usina de Letras

A última pesquisa do Datafolha, disponibilizada no último fim de semana, mostra que a avaliação da presidenta Dilma melhorou enquanto o apoio ao impeachment, embora ainda alto (61%), caiu sete pontos no último mês. Dada as trapalhadas na nomeação do Lula para ministro e as gravações liberadas por Sérgio Moro no dia seguinte, era para ter havido um forte aumento no apoio ao impeachment. Mas não foi o que aconteceu. Então talvez fosse hora de perguntar: por que menos gente quer a saída da Dilma? A resposta, embora não seja tão simples, pode ser resumida em: primeiro, o governo vem criando uma agenda positiva, apesar de tímida, que vem dando resultados; segundo, as denúncias contra Michel Temer e o pedido de impeachment dele levou muita gente a temer que a presidência acabe no colo de Eduardo Cunha, um homem temido por uns e odiado pela maioria da população brasileira; terceiro, aumentou a percepção de que a troca de Dilma por Temer não vai resolver a crise política e econômica do Brasil, já que o problema é mais profundo e só será resolvido com novas eleições e um fortalecimento das instituições públicas; por último, há a percepção de que Dilma não cometeu um crime tão grave assim que mereça o impeachment. Aliás, devido as condições com que o processo de impeachment foi iniciado, muita gente acredita, como o governo quer, que tudo não passa de um golpe orquestrado pela oposição e por Temer não só para tirar Dilma da presidência como também barrar as investigações da Lava a Jato, a qual está cada vez mais próxima de desmascarar os caciques da oposição. Dima tem grandes chances de ser cassada, mas se o processo se arrastar por alguns meses, tornar-se-á inviável, uma vez que o apoio a ela vem crescendo e os indicadores, mesmo de forma modesta, vem melhorando. A queda na inflação e uma possível melhora na atividade econômica nos próximos meses pode ser o que estava faltando para a sobrevivência da petista, pois nenhum parlamentar será tão louco de ir contra a vontade popular, ainda mais nesses tempos onde os políticos valem tanto quando uma nota de três reais.