Isso mesmo!!! Fogão de lenha se acende com "fórfe" , e disso lembrei-me num agradável bate-papo com as "luluzinhas e o Ricardo Oliveira, no Quadro de Avisos.
Falávamos dos comerciais antigos de televisão; lembrei-me do comercial do "Magiclick" , um acendedor de fogão e daí para os cobertores Parayba, Casas Pernambucanas e outros... Foi só um pulinho.
Lembrei-me então da "Teleotto*" a marca do nosso televisor na época; e de uma artimanha que usei quando criança para que meu pai o comprasse.
Penso que foi em 1974 e eu devia ter uns nove anos... Meu pai era colono (lê-se colonizado) e apesar de todo o trabalho duro, estava financeiramente "duro" , numa pendura tal, que a aquisição de um televisor estava longe de seus planos de consumo.
A vizinha porém, em melhor situação financeira já havia comprado, e aliás, foi na casa dela que assisti à copa de 74, alguns capítulos da primeira versão de "Mulheres de Areia", os primeiros da nova atração da TV TUPI, a novela "Barba Azul" e creio que, um programa para colónia portuguesa chamado "Caravela da Saudade" que ia ao ar, nas manhãs de domingo.
A partir de um determinado momento porém, D. Maria, a vizinha, cismou de varrer a sala enquanto ainda estávamos (eu, meu irmão e outras crianças) assistindo aos programas, num evidente sinal de que, já não éramos tão bem-vindos como no início; quando mostrar a televisão, era mais importante do que manter a sala brilhando. É claro que escondi o fato de minha mãe, mas não demorou muito para que ela ficasse sabendo e proibisse as nossas incursões noturnas à casa da velha.
Sem televisão voltamos a dormir com as galinhas (lê-se cedo) e deitados, prestávamos atenção ao som que vinha da casa vizinha. Apesar de todo silencio das noites na roça, praticamente nada se ouvia, mas fingíamos ouvir tudo perfeitamente: "Olha!!! É a Nádia Lipi!!!" "Não é não!!!" "É sim!!! Tenho certeza!!!" __ discutíamos noite após noite, noite a dentro, até que...
Meu pai (coitado!!!) tirou os parcos recursos que tinha na poupança e comprou uma televisão "Teleotto", já que a "Colorado" da vizinha era muito cara.
E assim deu-se a minha inclusão no mundo moderno...
*( Nunca imaginei que no fundo empoeirado do meu cérebro, ainda estivessem guardadas tantas boas lembranças... E também; que tivesse tantos motivos para emocionar-me com o passado, defensor que sou, da tese de que, o presente basta!)