Será que a Suíça pretende mudar o tipo de relação judiciária com o Brasil para evitar que a frequência de casos do desvio de dinheiro da corrupção para seus bancos implique numa acusação de cumplicidade? Essa a impressão deixada em Genebra, pela ida a Brasilia, do procurador geral suíço Valentin Roschacher , onde pretende se informar melhor sobre o procedimento da justiça brasileira, a fim de propor um novo tipo de colaboração judiciária, mais rápido.
Embora a Suíça tenha modernizado suas leis com relação aos diversos tipos de lavagem de dinheiro, continua sendo alvo de críticas porque facilitou o bloqueamento das somas depositados com seus banqueiros, mas continua dificultando a devolução. Isso significa que os bancos podem continuar lucrando com o dinheiro. Casos como Ferdinando Marcos, Mobutu e ocorridos recentemente no Brasil, com o juiz Lalau, com o dinheiro da previdencia social e com os fiscais do Rio de Janeiro, mostram que bloquear simplesmente não basta é preciso devolver.
Recentemente, vieram aqui à Suíça juízes argentinos para melhor se inteirar das exigências suíças em matéria de processo e devolução de dinheiro, tendo em vista o caso Menem. Mas a ida de um procurador-geral ao país de origem é quase inédita. Antes, de Valentin Roschacher, só a ex-produradora-geral suíça Carla del Ponte tinha ido ao México para tratar do caso Salinas, acusado de depositar narcodólares nos bancos suíços.
Rui Martins, Genebra 17 de fevereiro de 2003
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2003, ano de amor e esperança
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