O ESTRESSE DO PEIXE-BOI
Fernando Machado da Silva Lima
11.08.98
Deu no Liberal de hoje: “Técnicos do Museu Goeldi temem que a volta do tráfego de ônibus pela Nove de Janeiro cause estresse aos animais.”
A reportagem informa, ainda, que a poluição atmosférica, o barulho e a trepidação do solo são muito prejudiciais e que, por essa razão, as espécies mais sensíveis sofrerão mudanças no comportamento, como agitação e perda de apetite, bem como problemas no sistema respiratório. Por essa razão, informa ainda que será criada uma comissão de técnicos de órgãos como a Ctbel, a Secretaria Municipal de Planejamento (Sesan), a Funverde e o Museu Emílio Goeldi, para estudar o problema durante um mês, após o que a Ctbel tomará as providências cabíveis.
Sinceramente, não sei se fiquei com vontade de rir ou de chorar. Afinal, as autoridades não parecem assim tão preocupadas com os outros animais, ditos racionais. Por favor, não me entendam mal, porque não sou contra essa preocupação com os animais, ou com o patrimônio de nosso Museu Emílio Goeldi, porém gostaria de cobrar uma idêntica preocupação das autoridades no tocante ao direito da população em geral, de se proteger também contra o barulho e a poluição.
Apenas para dar alguns exemplos, citarei o caso da minha rua, que após a inversão do trânsito, ficou também muito barulhenta e poluída, de modo que meus cachorros também já estão ficando estressados. E o que é pior, meus dois papagaios estão com problemas respiratórios.
Lembrarei ainda o problema causado pelo boteco da esquina, que costuma promover, a cada fim-de-semana, festinhas bem animadas, com música ao vivo, e toda vez que telefono para a D.P.A (Divisão de Polícia Administrativa), falta a viatura ou a disposição para tomar as providências cabíveis. Por essa razão, já estou também estressado, há muito tempo, e sem ter mais a quem recorrer.
Pelos motivos acima referidos, gostaria de fazer uma pequena sugestão, endereçada às autoridades competentes: não seria o caso de encarregar a DPA de resolver o problema do Museu ? A sigla, DPA, seria mantida, como Divisão de Proteção aos Animais. Em compensação, nós todos passaríamos a contar com a proteção da Comissão de Técnicos da Ctbel, da Sesan, da Funverde e do Museu, que após um mês de profundos estudos, chegaria certamente à conclusão de que o povo já está também estressado, por diversas razões, e poderia adotar ou sugerir as soluções cabíveis.
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