Sabemos que existem advogados inescrupulosos e ignorantes de ética, que compactuam com magistrados, promovendo tráfico de influência para negociar solução de litígios
Hélio Winston Leitão é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Advogado
Publicado no jornal O POVO, no dia 18 de maio de 2002
Reiteradamente, escutamos algures e alhures, que o Poder Judiciário não dignifica seu encargo institucional. Em qualquer cidadão, provido de caráter e dignidade, constata-se o incômodo de estar se vivendo no país de escândalos, cada qual mais escabroso.
O Estado do Ceará, não é para menos, passa por uma onda de denúncias abaladoras a qualquer alicerce moral, envolvendo nome de magistrados, promotores e advogados, enfim aqueles que laboram no direito, enlameando o capitólio da Justiça. O tema para análise merece, precipuamente, serenidade e cautela, evitando, assim, exploração indevida.
A CPI que estava a ser instalada pela Assembléia Legislativa foi sobrestada, dando-se um voto de confiança para que a nova administração do Poder Judiciário - tendo à frente o desembargador Haroldo Rodrigues - desse rapidamente uma resposta aos reclamos da sociedade.
Dúvidas não restam que várias atitudes corajosas foram tomadas, dentre elas, o afastamento de desembargadores e juízes. A purificação deve continuar com bastante prudência, obstando-se, assim, perseguições levadas pelo foro íntimo. É certo que a nova administração do Tribunal de Justiça está a percorrer os caminhos mais espinhosos na busca da tão falada justiça digna.
Agora, resta-nos pugnar para que outras instituições (OAB e Procuradoria de Justiça) busquem também a depuração nos seus quadros. Quanto à advocacia, sabemos que existem profissionais inescrupulosos e ignorantes de ética, que compactuam com magistrados, promovendo tráfico de influência, com o intuito de negociar solução dos litígios. Basta, não podemos mais conviver com tantas nuvens cinzentas.
É justamente para com esses falsos colegas que esperamos medidas enérgicas sejam tomadas. Aguardamos que a brava Ordem dos Advogados do Brasil atue, rapidamente, com a mesma austeridade que o Tribunal de Justiça leva a efeito, honrando sua tradição de boa combatente na grande luta em prol da moralização das instituições.
A batalha é íngreme. Está mais do que na hora de banir os despudorados profissionais do direito que são nocivos à sociedade.