Publicado no jornal O POVO, em 26 de novembro de 2002
Sem uma resposta às críticas da imprensa - eco da opinião pública - no que diz respeito aos processos envolvendo magistrados e servidores do Judiciário, paira sobre esse poder uma indagação: parou, por que parou?
O corporativismo falou mais alto ou a coisa não anda nas instâncias superiores, nos corredores e gavetas das quais dizem que os processos vão e voltam, sem um sim ou um não? Em situação delicada fica todo o universo contido nesse quadro, inclusive o futuro do Tribunal de Justiça, no que diz respeito à sucessão. No centro de tudo - em incômoda situação - estão os envolvidos diretamente na questão, e que são os desembargadores afastados, jogados no limbo da incerteza e da maledicência, da suspeita e da inverdade.
Enquanto isso os juízes se movimentam - não pressionando os canais competentes para que seja dado um basta a tudo isto - mas no sentido de ser mudado o processo de sucessão do Tribunal, proclamando o advento de eleições diretas.
Eu pergunto: o que altera a eleição direta, na administração do Judiciário? Fim ao poder de barganha - se é que funciona no quadro atual - pondo abaixo igrejinhas de desembargadores?
A eleição direta, com a cabala de votos, não pode gerar colégios eleitorais nas mãos de alguns? Esses alguns não estarão em condições de pressionar os seus escolhidos , à imagem e semelhança do Executivo e do Legislativo, quando da distribuição de cargos e favores outros?
A universalização dos votos para a eleição da Mesa Diretora do Tribunal de Justiça estará imune à política dos grupinhos, diluindo o poder, sem fortalecê-lo?
O que leva a eleição direta da Presidência do Tribunal? O que esse processo quer eliminar e ou gerar? A atuação da Associação de Magistrados no acompanhamento da administração do Tribunal, não será mais eficaz do que simplesmente eleger os dirigentes do Judiciário? A atuação dos juízes - através de sua entidade de classe - não pode ser mais decisiva, insistindo por um final dos processos que correm e que tanto desgastes causam ao poder em si, do que ficar se apegando a um vir-a-ser perdido no horizonte das boas intenções?