Sabia-se que a Justiça no Ceará estava seriamente comprometida. A corrupção grassava solta e sem peias no seio da magistratura, da primeira à segunda instância, ferindo de morte a credibilidade do poder judiciário. Enriquecia-se ilicitamente. De forma ostensiva, descarada.
Agora, a fonte secou. Numa inédita reação, os atuais dirigentes do Tribunal de Justiça vêm passando a magistratura a limpo. Com responsabilidade, sem estardalhaço, fazem a sua parte, expurgando, pouco a pouco, a banda podre que se formou em seu bojo.
É surpreendente. Escancarar as próprias vísceras, expor as próprias mazelas, não há de ser fácil e exige muita coragem de quem tomou para si a tarefa de punir os seus pares, aqueles que conspurcam a toga e deitam sobre todos os demais a sombra da desconfiança e do opróbrio. Não tem mais volta. O judiciário cearense vem sendo assepsiado para valer. O Tribunal de Justiça ensaiou os primeiros e decisivos passos no sentido da moralização e está dando provas de que alcançará o seu desiderato, custe o que custar, doa a quem doer.
A Ordem dos Advogado do Brasil (OAB-CE) deverá agir com igual desenvoltura, investigar a fundo as práticas notórias de corrupção de meia dúzia de famigerados escritórios de advocacia, protagonistas de esquemas poderosos, formados da promiscuidade mais abjeta de advogados e juízes venais.
Pelas medidas já tomadas, pode-se antever um novo tempo para a magistratura cearense, que há de retomar a confiança da sociedade e o brilho que sempre ostentou ao longo de sua marcante trajetória, mercê do exemplo projetado pelos grandes e conspícuos nomes de sua honrosa galeria.
Os advogados cearenses, seguindo o exemplo dos magistrados, não devem deixar por menos. Impõe-se que demonstrem publicamente o seu repúdio aos marginais da advocacia, que tanto estigmatizam o profissional do direito e estão na outra ponta das denúncias apuradas, com a OAB adotando as mesmas providências saneadoras.