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Textos_Juridicos-->CAUSA MORTIS -- 07/09/2002 - 15:46 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na Inglaterra, a palavra "suicídio" deve ser eliminada

Por Gerhard Mauz (Mauz-Kolumne, SPIEGEL online, 02/09/2002)
Trad.: zé pedro antunes

Para uma causa mortis, uma palavra terrível. É a palavra "suicídio". Seu fim, agora, parece ter chegado. Ao menos na Grã-Bretanha.

Lá a causa mortis suícidio deve ser banida e substituída por uma formulação mais ou menos como "morte pela própria ação". Por ela, decidiu-se uma comissão para a reforma das causae mortis oficiais. À palavra "suicídio" acopla-se um estigma social. Além disso, a expressão é um peso para os familiares. Na Grã-Bretanha, no ano 2000, cometeram suicídio 3479 pessoas, de acordo com os números oficiais. Mas a oficialidade dispõe de uma cifra tenebrosa, substancialmente mais elevada.

É uma corajosa tentativa. Gostaríamos de esperar que, também entre nós, ela desencadeasse alguma reflexão.

No livro de bolso "O suicídio", editado por Roger Willemsen, um verdadeiro compêndio sobre o tema, encontra-se um poema de Matthias Claudius "Auf einen Selbstmörder" [A um suicida], que tem por epígrafe o mote "Videre verum, atque uti res est dicere": "A si mesmo e à sua miséria / ele acreditava redimir por meio da morte. / Que terrível auto-engano! / Aqui ele se postava escondido atrás de uma touceira.; / Ei-lo agora nu e descoberto, / E tudo quanto o amedronta, / Parte com ele em direção a um outro plano - / Que terrível auto-engano!" (N. do Trad.: só uma tradução literal)

É um poema destituído de misericórdia. Mas não passa de uma voz isolada no concerto formidável que se ouviu ao longo da história e que hoje ainda pode ser ouvido. E a ausência de misericórdia se torna ainda mais grosseiramente visível na forma literária.

Um médico, tenente-coronel, investiga em 1940 o "suicídio no exército". Eis o que se lê em seu relato conclusivo: "Neste contexto, permito-me uma vez mais a referência ao hoje tão significativo ponto de vista racial, já por mim ventilado em nossa conversa. Não pode pairar qualquer dúvida sobre o seguinte fato: os suicidas, em sua maior parte, pertencem aos tipos perigosos e instáveis, cuja reprodução, de acordo com o ideal da biologia do Estado dos dias de hoje, não é imprescindivelmente desejável. Os suicidas pertencem, não em todos, mas na maior parte dos casos, ao balanço dos bionegativos, ficando portanto na direção da degeneração e da dissolução da nossa essência. Por isso mesmo, pode-se muito bem ver no suicídio um processo de eliminação racial, e nessa medida não se vai em absoluto classificar o suicídio como principialmente imoral, nem no sentido individual nem no sentido da coletividade do povo." O nome do médico: Gottfried Benn.

Não apenas Matthias Claudius e Gottfried Benn se ocuparam com o suicídio. Charles de Montesquieu, Albert Camus, Dostoiéwski e Dante Alighieri, para citar apenas alguns, escreveram a respeito. O filósofo Arthur Schopenhauer foi um dos que mais energicamente se manifestaram sobre o tema. Os religiosos deveriam se expressar: um sepultamento de honra é negado àqueles que deixam o mundo por sua própria vontade. O tema representa ainda um ataque às religiões que fazem da morte voluntária um objeto de acusação.

"Morte pela própria ação" – nós deveríamos refletir a respeito.

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Gerhard Mauz, 75, é o mais conhecido e influente reporter judicial da Alemanha. Durante anos, foi redator da revista SPIEGEL, onde hoje ainda trabalha. Mauz publicou, além disso, inúmeros livros. Sua coluna "Alles, was Recht ist" [Tudo o que é Direito], sobre questões polêmicas da atualidade jurídica, é publicada toda segunda-feira na SPIEGEL ONLINE e no "Tagesspiel" de Berlim.

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