ELEIÇÕES
28/06 - 00:11
No segundo programa de rádio de que participou ontem 27/06, o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou o tom das críticas à Polícia Federal. Depois de ter comparado a corporação à polícia política e ao Dops criado por Getúlio Vargas, Lula disse no programa de Paulo Barbosa, na Rádio Record, que a corporação é "nazista" e a comparou à Gestapo. "Que perseguição política é essa? Por menos do que isso Nixon (Richard Nixon, ex-presidente norte-americano) renunciou. Que Gestapo foi criada no Brasil? Que polícia nazista é essa?", disse ele, referindo-se aos grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal em telefones de integrantes do PT e sobre o fato de ter sido investigado pela corporação até anteontem.
Lula reiterou que a suspeita de cobrança de propina na Prefeitura de Santo André, governada pelo PT, tem de ser investigada. Mas questionou a conduta da Polícia Federal e a maneira como a Justiça autorizou a quebra de sigilo telefônico e bancário de petistas, assim como a investigação sobre a sua pessoa. "Quero saber por que aconteceu isso e quero saber se eles estão investigando também o José Serra (candidato do PSDB à Presidência)", afirmou.
Lula classificou ainda a ação da PF como suspeita e cobrou do ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., menos "palpite" e mais ação. "Eu espero que ao invés de ficar dando palpite político ele aja."
Serra estranha
O candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra, cobrou ontem esclarecimentos da Polícia Federal sobre a denúncia de escuta telefônica em gabinetes de integrantes do PT, mas ressaltou a necessidade de que todo cuidado seja tomado para que não seja desviado o foco de investigações. "Há coisas realmente estranhas e eu vou querer saber as explicações. Mas é preciso não misturar as estações", afirmou.
Para Serra, o caso da escuta telefônica e das investigações da PF sobre integrantes do PT não podem ser confundidas com "indícios de mutreta" na prefeitura de Santo André.
Segundo ele, uma coisa é o trabalho da Polícia Federal - que, segundo petistas, está sob suspeita - e outra é a investigação do Ministério Público que faz um trabalho "completamente independente dessas gravações e vigias".