Será que vale a pena eu me intrometer nisso, Douglas?
Nada tenho contra o pagode (até curto alguns bons) e muito menos a favor de drogas ou tráfico, ou seja lá que crime for. Mas, lendo nosso companheiro advogado, não posso deixar de me preocupar com os rumos da lei em nosso meio.
É público e notório o mando e desmando da mídia sobre a opinião pública, principalmente uma certa "aldeia global", que constrói e destrói ícones com a mesma facilidade que eu, médica, detecto uma febre. Isso me assusta.
Manipulação de massas me assusta mais que um único herói ou bandido. Me assusta a burrice da massa e sua fúria. Mas, acima de tudo, assusta a maquiagem do bem de quem a manipula.
Nós, enquanto minoria pensante de um país continental de cultura insular, devemos nos posicionar sempre, em qualquer que seja a circunstância, pela ética intrínseca de simplesmente sermos detentores do conhecimento. Somos aqueles que podem (e devem) brecar todo o tipo de injustiça, manipulação, burla da lei e sua aplicação.
Não estou cá exercendo campanha demagoga, ou tentando aparecer mais que artista de rock sob holofotes, estou sim apoiando nosso amigo advogado Paulo Henrique de Oliveira que, conhecedor de sua área, saiu em defesa dos direitos humanos de qualquer cidadão de "ser inocente, até PROVA em contrário". A mídia logo o condenou, o tal Belo, sem sequer ouvir defesa. E cabe a nós, que ainda pensamos e podemos expor erros, denunciar as falhas do sistema, mesmo que suspeitemos de qualquer atitude ilícita ou, mais ainda, se antipatizamos o pretenso réu.
A isso sim podemos chamar JUSTIÇA. Caso contrário, nosso filho pode um dia ser preso, apenas porque alguém ouviu uma conversa telefônica e concluiu, por seus hábitos estranhos e hostis à rotina de quem escutou, que tratava-se de perigoso meliante, quando, em verdade, ele combinava o programa para o fim de semana, em seu linguajar de adolescente, com amigos de seu grupo.
Deu para me fazer entender? Sem partidarismos, sectarismos, só com um receio enorme da justiça disfarçada de benfeitora. Legislativo e Judiciário não devem (e nem podem) executar.
Um abraço,
Lílian Maial
Médica e Escritora
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