16/05/2002 - 04h46
Coronel é condenado a 228 anos de prisão pelo massacre em Carajás
O coronel Mário Pantoja, comandante da Polícia Militar durante o confronto de Eldorado do Carajás em 17 de abril de 1996, que resultou na morte de 19 sem-terra, foi condenado hoje, às 4h10, a 228 anos de prisão em regime fechado -12 anos para cada um dos sem-terra morto.
Seis dos sete jurados foram favoráveis a prisão do comandante.
Os sem-terra morreram no confronto com a PM durante a desobstrução da rodovia PA-150, no sul do Pará. Outros 69 ficaram feridos.
Pantoja poderá recorrer da sentença em liberdade por não possuir antecedentes criminais e ser réu primário. Os advogados do comandante afirmaram que recorrerão contra a decisão.
O outro oficial julgado, o capitão Raimundo Almendra Lameira, foi absolvido pelos jurados.
Pantoja e Lameira deixaram o plenário em carros da PM e preferiram não dar declarações à imprensa. Nem mesmo os argumentos da defesa dos oficiais conseguiu impedir a condenação.
Debate
Antes da sentença houve discussões e provocações entre advogados de defesa e os promotores de acusação.
O advogado Roberto Lauria atribuiu a culpa da morte dos sem-terra ao governo do Estado do Pará e afirmou que o MST é um movimento criminoso.
"Por causa da ineficiência investigativa do Estado, os jurados não podem condenar inocentes em nome da impunidade. A grande pergunta é que matou quem?", disse Lauria.
Já os promotores de acusação dos PMs argumentaram que os oficiais poderiam ter evitado o confronto. "E eu pergunto aos jurados: a única saída para desocupar a rodovia era matar as pessoas que lá estavam?", questionou o promotor Rui Barbosa.
Julgamento
O terceiro oficial no dia do confronto, major José Maria de Oliveira, será julgado sozinho na próxima terça-feira.
A segunda sessão de júri foi marcada para o próximo dia 27. Serão julgados 17 policiais militares, sendo 12 sargentos, quatro tenentes e um cabo da policia.
Na terceira sessão, marcada para o dia 10 de junho, serão julgados 129 policiais militares.
MAURÍCIO SIMIONATO da Agência Folha, em Belém
Douglas Lara
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