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Ensaios-->Dr. Odilon, Médico e Herói -- 03/09/2000 - 00:18 (Vânia Moreira Diniz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
http://planeta.terra.com.br/arte/vaniadiniz
vaniamdiniz@zaz.com.br

Dr. Odilon Médico e Herói

Não sei quando o conheci. Na verdade acho que foi quando nasci. Mesmo assim admirava sempre que podia observá-lo sem que ele percebesse. Sua figura imponente, olhos verdes que sempre me acalmavam nas tempestades da vida e os quais eu tanto amava, os cabelos ralos que deixavam entrever as entradas profundas, o rosto de traços nórdicos e bonitos, a expressão amena e ao mesmo tempo inspiradora de decisiva segurança, os ombros largos e o peito forte de atleta não condicionado que muitas vezes me serviram de apoio em momentos difíceis me levavam junto com outras mil coisas a considerá-lo um herói.
Esteve presente em todas as ocasiões de tristezas ou alegrias de minha família, amigo incondicional de meu pai e um porto seguro e atuante de meus irmãos e meu. Nunca esquecerei seu sorriso calmante e as horas em que sabia ser duramente severo.
Dedicava a vida à sua profissão de médico e nunca o vi aborrecido ou de mau-humor nas várias ocasiões repetidas em que estando mesmo descansando ou se distraindo eventualmente era chamado e por muitas vezes de madrugada para atender um cliente.
Vi em muitas ocasiões seus olhos rasos de lágrimas quando contava a situação de um doente sofredor e perdi a conta das vezes em que soube que ele atendia sem nada receber a várias pessoas necessitadas embora seu consultório fosse particular.
Não esqueço a cena que se passou diante de meus olhos de criança um dia em que ele chegava próximo à minha casa em Copacabana. Quando estacionou o carro ali um jovem passou mal e caiu em convulsões estranhas, sua boca se retorcia e era uma cena patética e triste que me lembro até hoje embora a distância em que me encontrava não fosse tão nítida. Vi quando o Dr. Odilon desceu do carro e abaixando-se até o rapaz que passara mal deu uma espécie de primeiros socorros e depois o carregou para dentro de seu automóvel.
Eu olhava encantada pelo seu gesto embora sabendo que era médico e que naturalmente devia ser essa a sua atitude. Mas ele o fazia com tanto carinho e naturalidade que me emocionou. Soube depois que o garoto tinha tido uma crise de epilepsia e perguntei-lhe a razão de não ter chamado uma viatura de pronto socorro.
- Por que esperar se eu podia atendê-lo naquele momento? E não é só nisso que precisamos ser imediatos no socorro a outras pessoas, filha. Elas às vezes estão sofrendo e não podem esperar. Não devem esperar.
-Será que todo mundo pensa assim?
-Isso não deve interessar muito. Devemos fazer sempre o que achamos mais conveniente sem esperar as opiniões diferentes ou contrárias.
Muitas vezes veria muitos outros gestos que me fascinariam e me levariam a compreender a generosidade de um ser humano preocupado com outro ser humano.
Nascera para ser médico no sentido lato da palavra. Não só médico. Nascera para ser uma pessoa nobre, afetuosa, humana, digna e humanitária. Acompanhei durante muitos anos sua trajetória de bondade e altruísmo. De dedicação e profundo entendimento em relação ao mundo e suas necessidades.
Herói que sabia ser também extremamente rude quando era necessário ou quando era dominado por um impulso de reação natural ou revolta diante de uma injustiça ou tirania, que jamais teve medo de represálias o que eu presenciei todos os dias de minha vida até à sua morte.
Aprendi muito com esse homem extraordinário que não se curvava diante de medo de nenhuma espécie quando se tratava de defender o que achava justo, que encarava todas as situações de modo natural e congruente que era altivo nos momentos necessários e profundamente humilde em sua vida de sábios ensinamentos.
Tive o privilégio de ser como uma filha para ele e receber o seu afeto profundo traduzido em carinho, amor, dedicação, exemplos infindos, ternura sempre inusitada, e que eu correspondia fascinada e maravilhosamente feliz.
Quero então prestar também minha homenagem a esse herói que soube compreender a vida, atribuir o valor adequado ao seu talento exuberante sem tornar-se um deslumbrado ou incoerente.
Desejo ao final de tudo dizer-lhe do meu amor que permanece profundo e marcante depois de sua morte e agradecer-lhe por ter sido não só o amigo, o pai, o confidente, o exemplo de luz e verdade, mas o herói silencioso e tão querido...
Vânia Moreira Diniz


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