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Contos-->SOCÓ -- 28/09/2025 - 08:52 (Renato Souza Ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SOCÓ

RF

 

Seu principal apelido era Socó.

Alguns ainda achavam pouco

e socavam o complemento boi,

ficava Socó-boi.

 

Mas Seu Bilonildo não admitia

que o chamassem por qualquer nome.

A não ser que fosse o seu, corretamente.

Imaginem ter que ouvir um apelido...

 

Não aceitava nem o diminutivo,

que é uma forma carinhosa,

e os mais chegados geralmente

gostam de usar, no seu caso, Bilo ou Nildo.

 

Ele, a primeira vez repreendia,

mas avisava que na próxima lembrasse

ou então não responderia.

Nem adiantaria insistir.

 

Seu Socó...psiu! vou falar baixo,

pode ser que ele me ouça,

e cá entre nós, de repente pode pular

para cima da gente feito um bode espantado.

 

Pois bem, como ia dizendo e parei

mas vou dizer, digo logo gora,

Seu Bilonildo era um home bravo.

Ele com raiva virava um siri dentro de uma lata.

Ou um bêbado preso num banheiro químico.

 

E sua fama de valente era conhecida,

ele só andava com uma faca-peixeira

de 10” nos quartos e fazia questão de exibi-la.

 

Conversas de pé de orelha afirmavam

que ele já furou com faca 3 homens.

Um desses, vive em cima de uma cama.

Isso por que o apelidaram e ele descobriu.

 

Mas, talvez fosse esse o motivo

para ele ter inúmeros apelidos,

independentemente de ser bravo,

pois a regra é clara, apelido bom

é aquele que a pessoa reage e não aceita.

 

Eis alguns usados nesse caso:

Piu-piu, bilo-bilo, Biluca, xiu-xiu,

Xibildo, Bilaldo, fole furado, boca de sogra

Peido de velho, cara de bunda.

 

Socó-boi era um homem muito simples,

como se diz lá no sertão,

era um matuto dos pés rachados.

Ele nunca estudou e sem instrução

falava errado, mas era engraçado.

 

Era uma pessoa que tinha várias virtudes.

Sincero e honesto, e boa gente.

Gostava de conversar, olhando nos olhos das pessoas, dizia que quem conversa

Sem encarar o outro é porque é falso

ou está escondendo alguma verdade.

 

Bilaldo era sanfoneiro, ou melhor,

era um tocador ruim de sanfona.

Sua fama de péssimo sanfoneiro

era conhecida, afinal na festa que ele ia tocar,

logo acabava porque o povo perdia

a paciência e preferia ir embora.

Mas pensa que ele ligava? Ao contrário,

se achava a faca que furou Bolsonaro.

Ele contava vários causos sobre tocadores ruins, ironizava e os chamava de tocadorzinho meia tigela.

Ali no pé daquela serra, onde havia alguns sítios, a única pessoa que tocava sanfona era Seu Xibildo.

O homem era vaidoso e procurava andar

arrumado, todo engomado e perfumado.

O cabelo era pintado com graxa de sapato

Ou tic tac. Era mais escuro do que

casa de sitio madrugada sem lamparina.

Quando se arrumava para sair

usava quase um frasco de loção.

Seu perfume era tão ruim que conseguia

a proeza de tirar da toca ou

de espantar os bichos por onde passava,

eles corriam desnorteados,

como se fosse aplicado algum bactericida

ou inseticida.

Corriam preás, calangos, cobras, vaca, galinha, jumento, macaco, tatu, peba, rolinha, até preguiça vencia a lentidão e corria. Diziam que seu perfume era pior do que uma topada daquelas que fere a cabeça do dedo. Era pior do que chute na canela ou choque no cotovelo.

Seu Socó tinha o hábito de andar com um pente no bolso da camisa e um palito na boca,

mais alguns no bolso de reserva.

Usava penduradas três correntes grossas de ouro, herdada dos antepassados. De tão pesadas estava ficando corcunda pois não as tirava nem para fazer amor.

 

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