PAIXÃO MAL EXPLICADA
Fui desfiando o sentimento em pequenas fibras claras e coloridas como se assim, dessa forma com elas quase desintegradas do manto que eram fossem mais eficientes para eu te esquecer.
Daí vi uma lua e sangrei sem barulhos dentro do peito porque não resolveu, meu estômago continuava anunciando borboletas e eu, como galho de árvore solitária no meio da seca, acreditei que era o ponto final para um invento meio torto, persecutório que eu mesma alimentei.
Nada, que nada: mentiras são intencionais, mas sentir é como um fundo de mar: às vezes sabemos o que há, às vezes imaginamos e acreditamos, ilusão cheia de sal e corais: mas sempre algo há que não dominamos e então...sentir é real.
Portanto, o desfiar voltou a ser um manto inteiro e meus dedos alfinetados pela força do sentimento não tem poder de mantê-las separadas: o manto me embriaga como sempre, te guardo numa caixa transparente dentro de mim e aí sobrevives aos temporais do meu coração real assustado com isso que não quer passar.
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