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Artigos-->MEUS CANTARES A OBRA DO PIANISTA ALCIBíADES LINO DE SOUZA -- 29/11/2025 - 12:16 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MEUS CANTARES A OBRA DO PIANISTA ALCIBÍADES LINO DE SOUZA

 

L C. Vinholes

29.12.2025

 

Na visita que fizemos a Pelotas na segunda metade de novembro, com o objetivo de estar ao lado de minha irmã Zaira Vinholes Siqueira, tivemos oportunidade de passar algumas horas na sempre acolhedora casa de Yara Bastos André Cava, a quem, carinhosamente, chamo de minha madrinha, por ter sido a responsável pelo primeiro encontro com o compositor e maestro Hans Joachim Koellreutter, evento que justificou meu definitivo afastamento de minha cidade natal e a definição de minha carreira como compositor, embora, por alguns anos, paralelamente às obrigações de funcionário público ligado ao Ministério das Relações Exteriores.

 

De Yara recebi exemplar da edição de MEUS CANTARES, uma coleção de canções para canto e piano com músicas de autoria de Alcibíades Lino de Souza, edição comemorativa do 83 aniversário do Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 18 de setembro de 2001, produzido pela Editora e Gráfica Universitária-UFPel, com a seguinte dedicatória: Ao amigo Luiz Carlos Lessa Vinholes, lembrado por seu talento artístico na escrita das palavras, nas composições que criou, que me fazem lembrar com saudades do outro amigo o (Béade) Alcibíades. Carinhosamente a colega e amiga Yara.

 

 

 

 

Nos parágrafos do Prefácio dessa publicação, Yara dá rápidas e escassas informações sobre o pianista e sua obra:

 

Está coleção de músicas do professor Alcibíades é a primeira edição graças ao dinamismo e sensibilidade da professora Regina Balzano de Mattos, Diretora do Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas que, juntamente com o professor Guilherme Goldberg, não mediram esforços para a realização desta tarefa.

 

Alcibíades Lino de Souza é natural de Jaguarão e pertence a uma família de músicos amadores que tinham por hábito fazer música de câmera. Inicia seus estudos musicais aos oito anos com instrumento de sopro, flautim, sob orientação do mestre de banda Delvaux.

 

Aos doze anos começam suas aulas de piano com o professor e compositor André Raffo. Posteriormente matricula-se no Conservatório de Música de Pelotas, onde conclui seus estudos em 1938. Sua vida profissional, dedica a essa Casa, quer como professor, quer como acompanhador, compositor ou arranjador.

 

Não possuindo estudos aprofundados de composição, o processo criativo em Alcibíades flui como inspiração espontânea[i]. Uma poesia ou linha melódica, uma dor, uma saudade ou acontecimento que o impressione, ativam sua imaginação criativa.

 

De estilo claro, sua obra de escrita despretensiosa, é apaixonadamente inspirada. Compõe para canto solo e coral, violino, violoncelo, piano e orquestra.” Yara registra ainda que “O coral do Conservatório, sob a orientação da professora Lourdes Nascimento, de saudosa memória, incentiva momentos mágicos dessa criatividade”.

 

Meus Cantares

 

Sob esse título estão as páginas que trazem as partituras de canções, modinhas, barcarola etc. de autoria de Alcibíades. A primeira tem como letra a prece Padre Nosso, seguida pelas dos títulos Definição, A Canção da Menina Triste, Sinto Saudade, Exaltação ao Rio Grande do Sul, Perdão, Crepúsculo, Imagina, O Mar, Há 50 Anos da Querência, Ao Cair da Tarde, Esperança, Saudade, Vamos Cantar Vida Minha, Lá ... (bem distante na serra), Rancho de Sapé, Casinha Velha[ii] e Teimosa, respectivamente, com letras de Ruy Topim, Marta Valéria Garcia, José Francisco M. Brito, Cândida M. da Rocha, Cândida M. da Rocha, Walter Oliveira, Apody Almeida Oliveira, N.N, Barbosa Lessa[iii], Vera Bassols, Yara B. André Cava, Walter R. Oliveira, Ovídio Chaves, João Simões Lopes Netto, N.N., Walter Oliveira e N.N..

 

Não pode deixar de ser lembrado que o Grêmio dos Alunos do Conservatório, em 22 de agosto de 1959, promoveu um Concerto de Gala com composições do professor Alcibíades transmitido pela Rádio Tupancí[iv], interpretadas pela soprano Hygia S. Wiener e pelo Coral do Conservatório sob a regência da mestra Lourdes Nascimento. O evento foi encerrado com as obras para dois pianos Reflexos de Luz e Capricho em lá maior, interpretadas pelo autor e pelo professor Fernando Lopes.

 

O poema de Yara Bastos André Cava

 

Em homenagem à pianista Yara, professora aposentada do Conservatório, transcrevo, a seguir, o poema[v] que figura na partitura das páginas 38 a 40, musicado por seu colega e amigo Alcibíades:

 

Quisera tê-lo novamente aqui

Sentir seus beijos

Sua mão macia

Cheia de vida de carinho e amor

Ouvir sua voz a me chamar

O tempo voa no vazio infinito

Recordações vicejam na memória amarga

Esta saudade a corroer meu peito

Este desejo louco este querer em vão

Só a certeza de uma nova vida

Planta a esperança no meu coração

 

O pianista que me encantava

 

Nos anos da passagem das décadas de 1930 e 1940 quando eu começara a frequentar o Colégio Gonzaga, na parte da tarde, voltando para casa, sempre percorria a Rua Argolo, passando pela Padaria Vitória na esquina com a Rua Barão de Santa Tecla, para ali comprar o pãozinho quente e com ele tomar o café com leite que me esperava. Mas, geralmente nas quartas-feiras, minha mãe Joaquina costumava, depois do almoço, visitar a meu avô Nico[vi] e esperar por mim para voltar para casa, eu mudava meu trajeto: saia do colégio percorria a Rua Senador Mendonça até a Barão de Santa Tecla, dobrava à direita e logo na terceira porta entrava no corredor da casa onde morava Alcibíades e, sentado nos degraus daquele corredor, ficava a ouvi-lo a tocar o seu piano. As melodias, os acordes e a rítmica do que ouvia, faziam-me esquecer o tempo e chegar com atraso à casa do meu avô, onde Joaquina, minha mãe, preocupada, perguntava-me porque demorara tanto. Menos mal que minha justificativa era aceita. Uma vez, sem que eu soubesse, fui gentil e generosamente convidado a entrar na sala onde estava o piano de Alcibíades e, sentado em confortável sofá, assistir aos exercícios de estudo que fazia de passagens mais difíceis, exigindo mais preparo e desenvoltura.

 

 

Alcibíades Lino de Souza.

Foto de 12.10.1954

dedicada ao Grêmio dos Alunos do Conservatório de Música de Pelotas

 

[i] No final dessa afirmação, a autora registra que se valeu de “consulta ao trabalho de pesquisa da professora Maria Luiza Coelho, em 1986.”

[ii] Casinha Velha, canção sertaneja, premiada pela Rádio Nacional no programa Em Primeira Audição”, de 1959.

[iii] Luiz Carlos Barbosa Lessa (1929-2002), primo xará, a quem devo meu prenome, foi folclorista, escritor, músico, advogado e historiador.

[iv] Rádio Tupancí AM 1250 e FM 96,7, emissora de rádio sediada em Pelotas, RS.

[v] Na partitura não consta pontuação e as maiúsculas definem os versos.

[vi] Em família, meu avô materno Antônio Fernandes Lessa era conhecido por Nico.

Comentarios

Guilherme Campelo Tavares  - 01/12/2025

Oi, Vinholes, tudo bem?

Incrível como a vida nos traz surpresas... Estava agora pesquisando no Google o nome da prof. Regina Balzano de Mattos, por um pequeno detalhe que pretendo colocar nos arquivos que embasam a tese que estou escrevendo, quando caio nesta página escrita por ti ONTEM. Ainda hoje, mais cedo, li alguns depoimentos teus no livro sobre os maestros Bandeira, que a Yara me emprestou. Um pouco depois, fiquei lamentando não termos nos encontrado aquela tarde na casa dela. Teria sido ótimo, mas pelo menos pude conversar contigo por telefone e te lembrei da performance da Instrução 61 no Centro de Artes há alguns anos. Foi tudo muito rápido. Acabei decidindo ir até lá, mas quando saía de casa já estavas indo embora. Coisas da vida.

Tenho aproveitado muito a ótima amizade que fiz há poucos meses com a sensacional Yara. Uma figura indescritivelmente carinhosa, sábia e que transborda arte. Certamente o reencontro de vocês foi algo muito especial.

Um pequeno detalhe, porque sei que, assim como eu e a Yara, também és bastante perfeccionista e cuidadoso: aqui no site esta tua postagem ficou com data de 29 de DEZEMBRO.

Gostaria muito de poder conversar contigo, mesmo que por mensagens de texto, assim, sobre algumas coisas da história do Conservatório de Música. Uma questão que me intriga muito é a seguinte: "qual foi a primeira vez que a música popular entrou naquela instituição? Tanto em apresentações musicais no Salão Milton de Lemos (ex.: existe uma foto preto e branco da Orquestra Rochinha tocando naquele salão) quanto na forma de estudos musicais em disciplinas mesmo.

Essa curiosidade me move porque ali me formei em Violão (clássico, obviamente) em 2001, e só em 2009, quando ingressei novamente como prof. efetivo da casa, é que ajudei a criar o atual cursod e Música Popular, onde leciono.

Um abração pra ti e tudo de bom sempre!!

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