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Artigos-->SHUKURO HABARA E A POESIA CONCRETA BRASILEIRA -- 20/09/2025 - 15:09 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

SHUKURO HABARA E A POESIA CONCRETA BRASILEIRA

 

L. C. Vinholes

20.09.2025

                                                                                Nota: atendendo a pedido com refereêcia à nota de pé de página desse artigo,  compartilho a                                                                                       correspondência de 24.05.1999, que recebi do poeta Shukuro Habara

 

A imagem que inicia este artigo é a do envelope postal aéreo que o poeta e gráfico Shukuro Habara enviou de Tokyo para Milão, em 24 de maio de 1999, para L. C. Vinholes.

 

   

A parte da frente o cartão, além do selo postal impresso, mostra os respectivos endereços do remetente e do destinatário. O que dá a este envelope significado singular é o que consta no seu verso, elementos gráficos e textos, ora na horizontal ora na vertical, escritos em katakana, sinais fonéticos usados principalmente na grafia de nomes e palavras estrangeiras incorporadas ao japonês:

  1. L. C. ィイニヨレス  サマ  ヘ!
  1. コンクレット・ãƒãƒ¼ã‚¤ãƒˆãƒª
  1. ブラジル  イタリア
  1. オーメデトウ ゴザイマス
  2. 15 APR. 1999

 

                                                      f) 15, Mai. 1999

                                                                   Shokuro Habara

Vejamos, por parte. a) Paralelamente à margem direita do cartão, na vertical, após as letras maiúsculas L. C., iniciais do nome do destinatário, consta o sobrenome vinholes (ィイニヨレス) seguido de senhor (サマ) e  para! (ヘ!). b) No centro do cartão, dentro do espaço da figura em forma de cruz, no braço vertical está escrito concrete poetry (コンクレット・ãƒãƒ¼ã‚¤ãƒˆãƒª) e c) no braço horizontal, nos lados esquerdo e direito, respectivamente, os nomes de dois países: Brazil  (ブラジル) e Italy (イタリア). À direita de Brasil e a esqueda de Itália, na encruzilhada dos dois braços da cruz, figuram dois pequenos retângulos, um de cor verde e outro de cor vermelha, cores predominantes nas bandeiras dos países citados. d) Embaixo da cruz, talvez à guisa de base, lê-se a expressão omedetou gozaimas = parabéns! (オーメデトウ ゴザイマス), na forma a mais polída da língua japonesa. Chamam a tenção as datas de e) 15 de abril de 1999, em verde, e f) 15 de maio de 1999, em vermelho, está sobre o nome completo do remetente em letras romanas, também em vermelho. Observe-se ainda que, sob a égide da exposição que também o interessou, Habara aproxima-se, tanto do  Brasil quanto da Itália, quando escolhe a grafia latina para as datas e não a japonesa ou inglesa onde o mês precede o dia.

Tudo  que está registrado acima ganha sigmificado especial quando se toma conhecimento que entre 15 de abril e 15 de maio de 1999 foi realizada no Instituto Brasil-Itália (IBRIT) de Milão a Exposição de Poesia Concreta Brasileira[i] da qual Habara tomou conhecimento e não tardou a se  manifestar, mediante um “texto” que explorou o espaço vaziu disponível e não a linguagem tradicional para expressar sua reação com o evento ocorrido a milhares de quilômetros de suas vistas.

Habara, ao lado de outros poetas japoneses presentes na segunda metade do século XX, tais como Yasuo Fujitomi, Toshihiko Shimizu, Seiichi Niikuni, Shutaro Mukai, Hiro Kamimura, Yukinobu Kagiya, sempre acompanhou com curiosidade e interesse a chegada da poesia concreta brasileira no Japão e o caminho que ela trilhou até a criação do Grupo Asa, em 1964, após a I Exposição Internacional de Poesia Concreta, realizada no salão e auditório da sede do movimento da escola de ikebana Sogetsu Ryu. Nesta exposição, além de poemas dos brasileiros Roberto Thomaz Arruda, Ronaldo Azeredo, Mario da Silva Brito, Edgard Braga, Augusto e Haroldo de Campos, José Lino Grünewald, Eusélio Oliveira, Décio Pignatari, Waldimir Dias Pino, Alcides Pinto, L. C. Vinholes, Pedro Xisto, dos japoneses citados e de Katsue Kitasono, figuraram trabalhos de Claus Bremer, Reinard Döhl, Hans Grosch, Ludwig Harig, Hans G. Helms, Elisabeth Walther (Alemanha), Pierre Garnier (França) e Eugen Gomringer (Suíça).

Consolidando a ligação de Habara com a poesia conreta, é indispensável acrescentar que, entusiasmado com a I Exposição de Poesia Concreta Brasileira no exterior, realizada em abril de 1960, no Museu de Arte Moderna de Tokyo, usou da prerrogativa de ser um dos membros influentes da equipe de redação da revista Design e nela, na edição de dezembro de 1961, nº 27, publicou a miniantologia da poesia concreta brasileira, com textos e poesias, com paginação do arquiteto carioca Alex Nicolaeff.

 

[i] Sobre a exposição, ver artigo de 12/04/1999, disponível no site www.usinadeletras.com.br, em 21/01/2017.

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