Coincidência ou não, a cidade de Guará[i], uma das cidades satélites de Brasília, onde moro há cerca de vinte e cinco anos, foi fundada em 5 de maio de 1956, data na qual encontrei, em meus guardados, recorte de periódico inglês The Illustrate London News, de 12 de janeiro de 1878, no qual está publicado interessante texto intitulado Red wolf of Buenos Aires at the Zoological Society´s Garden, instituição londrina “de caridade e organização dedicada à conservação mundial de animais e seus habitats”.
Esta gravura em metal, certamente um eting, traz,
nos cantos inferiores direito e esquerdo, os ícones
das iniciais dos nomes do desenhista e do acinzelador.
Vejamos o que diz o artigo anônimo publicado em Londres:
O LOBO VERMELHO
O animal mostrado em nossa ilustração foi trazido recentemente de Buenos Aires e adquirido pela Sociedade Zoológica de Londres para sua coleção nos Jardins do Regent's Park. Às vezes é chamado de "lobo-de-manda", mas seu nome científico é "Canis Jabatus[ii]" e é mais comumente conhecido como "lobo-vermelho" devido à sua cor predominante. Foi descrito pela primeira vez por Félix D'Azara (1742-1821), militar, cartógrafo, naturalista espanhol em 1781 foi enviado à América do Sul onde encontrou o novo quadrupede ao qual lhe deu o nome nativo de "Aguara Guazu[iii]" das regiões do Rio da Prata e Paraguai. Quando adulto, ele é um dos maiores exemplares da espéci, e seu corpo é coberto por pelos longos, duros e desgrenhados, principalmente de tom avermelhado, mas frequentemente com uma mancha branca na garganta. Os pelos dentro das orelhas e a extremidade da cauda também são esbranquiçados. A crina consiste em pelos rígidos, de 13 a 15 centímetros de comprimento, com cerdas pretas nas pontas; e a crina, ereta, estende-se do occipital até atrás do ombro. A cauda é bastante espessa. O espécime atualmente no Jardim da Sociedade é um macho, o primeiro a ser trazido vivo[iv] para a Inglaterra. Os hábitos desta espécie de lobo são solitários; frequenta as planícies baixas e os pântanos do Paraguai e os bancos de areia do Prata, alimentando-se ora de caranguejos terrestres, ora de ratos, porquinhos-da-índia e pequenos pássaros, ou de vários tipos de vegetais; mas, acreditamos que não caça em matilhas, como outros lobos. É encontrado no Chile e nas partes meridionais da América do Sul, onde é chamado de "paraepaga".
OUTRAS INFORMAÇÕES
Segundo fontes credenciadas, o nome científico do lobo-guará não é Canis Jabatus, mas sim Chrysocyon brachyurus, da Família Canidae, da Classe Mammalia e do Gêrnero Chrysocyon.
Em 2011, no Zoológico de Brasília, uma loba-guará, atropelada por um caminhão, passou por tratamento com células-tronco e segundo Rebecca Booyle, jornalista de renomadas revistas cientificas estadunidenses que escreveu artigo publicado na Popular Science, de 6 de agosto de 2011, afirmando que este é “o primeiro caso registrado do uso de células-tronco para curar ferimentos em um animal selvagem”.
Atualmente, o Zoológico de Brasília abriga seis lobos-guará, participando “de programas de conservação da espécie, incluindo resgate, reabilitação e cuidados veterinários” e, desde 6 de dezembro de 2023, eleita por 783 votos. utiliza “do carisma irresistível de Atena, uma exemplar de lobo-guará, como mascote para conscientização sobre a importância do Cerrado e a conservação da fauna brasileira”.
[i] Guará na língua tupi-guarani significa “vermelho”.
[ii] Jubatus, do latim, significa "com juba" ou "crina",