Não saia de casa,
a morte ronda as praças,
o pavor distende as asas,
é perigoso sonhar...
O noticiário,
celebra
bem cedo
nos lares,
nas ruas,
nos bares,
o escroque sacramento do risco.
Feche bem as janelas
e as portas,
erga muros
inexpugnáveis,
oculte-se,
proteja-se,
desconfie da própria sombra,
mas não se esqueça
da mensagem libertadora
do jornal das seis,
das sete,
das oito,
das nove,
das dez,
das onze
e do tempo todo.
Beba este veneno,
até a última gota,
seja feliz
se puder,
mas obedeça,
tolo e inerme cordeiro,
sem hesitação
ao toque de recolher imposto
pelos covardes mercadores
do medo.
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