Um dia, um amigo meu - muito querido - disse-me numa mesa de bar que queria ser feliz e leve como os anjos. Morreu atropelado por um caminhão dois minutos após de nos desperdimos.
Outro dia, um outro amigo meu - por quem sempre tive consideração - contou-me que queria ser feliz livre como os pássaros. Morreu se jogando de uma ponte quando soube que iria ser preso por corrupção.
Uma semana depois, mais um amigo - que sempre o considerei como irmão - segredou-me que queria ser feliz e rico como o Ouro das lendas. Morreu anos depois, pobre doente, garimpando diamantes nos rios perdidos da Amazónia.
Outro mês, uma amiga minha - por quem fui apaixonado - sonhava em ser feliz e bela como a Vênus de Botticeli. Morreu deformada pelo càncer que negava em aceitar.
Vndo tantos amigos queridos que partiram, eu, que nunca sonhei a felicidade para seguir a triste vocação de poeta, fui o único que sobreviveu. Para enterrar com meus versos os cacos de juventude de todos os meus amigos.