Vida,
cada vez mais restrita,
parábola proibida,
metáfora indecisa,
anônima,
perdida,
repete, repete, repete
morno, mórbido cotidiano,
nulo interlúdio.
A cidade enlouquece,
estremece,
de raiva, de pressa,
silencia
e esquece.
Ninguém se mexe...
Erram emoções,
falham previsões.
Banal é o tempo,
momento vazio,
imenso abandono,
como se ninguém houvesse...
O templo
dos sonhos
e do acaso
todos os dias
é profanado.
E ninguém impede...
Apesar dos olhos ressequidos,
anuviados e sem brilho,
restaram ainda
lágrimas teimosas,
cálidas,
esquecidas,
por cruel e fina ironia,
em algum lugar...
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