Número do Registro de Direito Autoral:131197871359592600
A FORÇA DO MOTE
Silva Filho
Já fiquei sem expressão
Com minha verve aos trancos
Ou aos trancos e barrancos
Perdida sem um refrão.
Sem qualquer inspiração
Sofrendo com um boicote
O vazio deu um bote
Faltou mão pra escrever
Quem não sabe, vai saber
Que não há verve sem mote.
Quando falta um bom tema
Não tem musa que dê jeito
Vem um apertão no peito
Com sintoma de edema.
Não se tem estratagema
Nem a sorte com mascote
Um cansaço no cangote
Faz a verve se esconder
Quem não sabe, vai saber
Que não há verve sem mote.
Há quem pense no sertão
Há quem fale em mulher
Mas o som que você quer
Não faz a composição.
Nem fazendo um serão
Nem abrindo seu malote
Pra rever o seu pacote
Com um trevo bem-querer
Quem não sabe, vai saber
Que não há verve sem mote.
No seu bolso não há carta
Nem coelho na cartola
Se forçar demais esfola
E o estro se aparta.
Quando a mente está farta
De fazer versos em lote
Nem o fogo do archote
Vai fazer desempecer
Quem não sabe, vai saber
Que não há verve sem mote.
Sendo assim sem solução
Não há que ficar teimando
Você vai se acostumando
Com estranha sensação.
Mas se quer a combustão
Num estalo, num pinote
Pegue a bola no rebote
Quando alguém quer evolver
Quem não sabe, vai saber
Que não há verve sem mote.