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Artigos-->O EMPOBRECIMENTO DA AGRICULTURA -- 21/07/2002 - 21:05 (medeiros braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Os pequenos produtores vivem momentos de extrema dificuldade.Não há nenhum exagero em afirmar que a pequena produção agrícola é, hoje, economicamente, inviável. A receita gerada pela produção não cobre os custos dos bens produzidos. E o responsável por tudo isso é o capitalismo industrial que, respaldado pelo poder político, fez dos seus agentes a sua segunda vítima. A segunda vítima, porque a primeira foram os trabalhadores assalariados que se encontram em situação desesperadora, com remuneração insignificantes e altos índices de desemprego.

Foi o processo histórico de uma troca desigual e injusta que levou os pequenos produtores rurais a produzirem as matérias-primas e os alimentos para serem permutados por implementos agrícolas e outros bens de consumo industrializados, sempre em desvantagem.

Como sabemos, o que existe no mercado é troca de mercadoria. No caso campo/cidade, os pequenos produtores rurais levam os seus produtos para a cidade e retornam com os bens necessários ao desenvolvimento da produção e do bem-estar das suas famílias; a exemplo de roupas, calçados, remédios, entre outros. O dinheiro (instrumento de troca indireta) apenas serve para facilitar essas trocas que são denominadas de compra e venda. E foi, exatamente, através desse sistema de troca, sempre e cada vez mais desigual e injusta, diga-se de passagem, que os pequenos produtores rurais passaram a ser extorquidos nas riquezas

geradas por eles.

Há mais de um século que os pequenos produtores rurais vêm, ano após ano, sendo obrigados a produzir sempre mais para trocar por produtos industrializados em quantidade sempre menores. Ou seja, levam para a cidade sempre mais produtos e trazem de lá, por meio de troca, menos produtos. Entrevistado por um meio de comunicação, um agricultor afirmou que em determinado ano se desfez de um saco de arroz, comprou uma bicicleta e ainda lhe sobraram alguns trocados; cinco anos após, para adquirir a bicicleta de igual marca, teve que se desfazer de dois sacos de arroz.

A verdade é que o valor relativo de tudo que é produzido pelo setor secundário, cresce a uma velocidade bem maior que o valor dos bens produzidos pelo setor primário.

E o pior em tudo isso é que esse problema criado pelo capitalismo não tem solução. Porque dois grandes golpes foram aplicados sobre a agricultura, quais sejam, o primeiro da troca desigual já abordado e o segundo que é a impossibilidade da revalorização dos produtos, haja vista que o seu público-meta que é o consumidor assalariado, não tem como pagar um preço maior por eles. Nesse ponto, a agricultura funciona como uma espécie de subsídio da produção industrial. Os seus agentes, inclusive, estão cientes que para viabilizar a agricultura, além de uma espécie de alinhamento de preços entre produtos dos setores primário e secundário, é necessário que este último recupere o salário real de quando foi instituído, quando o assalariado podia pagar um preço justo pelos produtos agrícolas.

Há outro fator que contribuiu para que os produtos agrícolas sofressem desvalorização: os capitalistas da indústria achavam que o número de desempregados necessário ao enfraquecimento do poder de organização e de barganha dos seus trabalhadores, era muito pequeno(para eles). Por conta disso, dificultavam ao máximo a viabilidade da produção agrícola; negando-lhe as condições, praticando a troca cada vez mais desigual e recrutando a mão-de-obra da zona rural. Para isso até ministros, que não se contendo com um já existente exército de desempregados nos grandes centros urbanos, manifestavam-se pela migração campo/cidade sob a alegação de “a agricultura precisa liberar mais mão-de-obra para a indústria”. Isso, é claro, tinha como intenção assegurar a oferta elevada e, conseqüentemente, os baixos salários.

No entanto, muitas pessoas desavisadas, inclusive, muitos técnicos de campo que, desconhecendo a verdadeira origem do empobrecimento da agricultura, afirmam ser devido a falta de recursos subsidiados, de mecanização, assistência técnica, acesso ao escoamento da produção, enfim, a uma eficiente comercialização. Em suma, muitos acham que o problema prende-se à baixa produtividade e aos atravessadores.Sobre esses últimos, é bom que se esclareça: muitos deles são de dentro da própria comunidade, ou parentes dos pequenos produtores rurais, é entre esses é difícil encontrar um remediável. Tudo isso são coisas menores que não merecem considerações maiores.

Na indústria é praticada uma espécie de realinhamento de

preços para corrigir possíveis distorções de valores entre produtos desse setor; para que sejam mantidos os valores de troca entre os seus inúmeros produtos. Não é de hoje. Isso sempre existiu. Mas, com a agricultura se dá, exatamente, o contrário, ou seja, um desalinhamento de preço.

Por outro lado, como se não bastasse a ação da “mão invisível” da exploração, procurando enganar os pequenos produtores, hoje, e fazer demagogia com a população, chegam autoridades do governo com programas de salvação da agricultura. De salvação só tem o título: agricultura sustentável, agricultura auto-sustentável, agricultura familiar, visão empresarial da pequena produção, entre outros engodos. Mas, todos sabemos que enquanto os produtos estiverem com esses valores de troca, não haverá solução para a agricultura. A produtividade é imprescindível, porém, jamais, saída. A prática tem mostrado O que a produtividade tem apresentado, é extorquido pelo sistema de troca, pela lei da”oferta e procura” que só funciona no setor primário. A verdade é que não há saída para a agricultura no capitalismo. Não há técnica ou teoria econômica capaz de viabilizar a pequena produção agrícola. O capitalismo levou a agricultura para muito longe. E o que é pior, tirou-lhe a menor perspectiva da volta.

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