Procure por aí, eles estão invadindo o planeta. Estão em todos os lugares observando a nossa movimentação. Devem ser de algum planeta distante ou talvez do interior misterioso da Terra. Cada um com uma característica diferente, porém, todos com algo em comum: a posição estática.
Vocês devem pensar que estou ficando xarope ou que fumei maconha demais quando adolescente, mas o alerta que venho dar é sobre estes invasores esquisitos, que conseguem ficar por horas estáticos, sem movimentar um músculo, sem esbanjar um sorriso, seja num canto de uma festa agitada, num dia movimentado no shopping ou até mesmo dentro da sua própria casa. Pois é, eles conseguem se transformar em pessoas conhecidas para nos confundir e ao mesmo tempo se infiltrarem, sem serem percebidos, na nossa intimidade. Outros preferem o anonimato, o que os deixam mais discretos diante de uma multidão. Mas não tenham dúvidas, aonde vocês estiverem, eles estarão lá.
Como a NASA, a CIA, a ONU e outros órgãos internacionais ainda não se pronunciaram para manter o sigilo e evitar um pànico globalizado, venho com exclusividade informar a população terrestre - mesmo contrariando todas as entidades internacionais - sobre estes que denominei como "Homens de Cera".
Para provar que não estou mentindo ou sofrendo de algum tipo de insanidade mental, comecem vocês também a observarem melhor as pessoas que estão ao seus redores. Em pouco tempo, já irão identificar diversos "Homens de Cera" pelo caminho.
Um "Homem de Cera" dificilmente está acompanhado. Quando está, normalmente procura se isolar, tudo na maior discrição. Está sempre estático, colhendo informações apenas com o olhar. O maior tempo que vi um "Homem de Cera" sem se mexer, foi durante uma longa madrugada, em um aniversário de uma amiga, numa casa noturna paulistana. Disfarçado como convidado da aniversariante, quase não percebi a sua presença num canto isolado - observem bem, isolado - da festa. Não falou, não se mexeu, não tomou cerveja. Resistiu até aos petiscos apetitosos que estavam na mesa. Tudo para manter-se discreto. Quem percebeu algo estranho naquele indivíduo foi um amigo presente na festa chamado Rodrigo, o que fez logo com que a notícia se espalhasse. Mas já era tarde, quando todos já estavam alarmados sobre aquela sombria presença, o "Homem de Cera" percebendo que havia sido identificado, desapareceu misteriosamente da cena.
Espero que todos mantenham-se atentos e coloquem na cabeça o perigo que estes "Homens de Cera" podem representar. Por serem uma civilização ainda desconhecida, não sabemos o que eles pretendem fazer e o que podem fazer. Talvez procuram a paz, mas antes querem entender um pouco de nossas vidas complicadas. Talvez procuram dominar o mundo, por isso, cuidado demais nunca é pouco!
Que este texto seja um alerta para todos aqueles que andam com a cabeça avoada, porque em qualquer lugar, você pode estar sendo observado por olhares estáticos, sendo fonte de estudos dos "Homens de Cera".
(Marcel Agarie - SP, 18 de Maio de 2003)
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