Templo de Baal. 861 AC.
7. Jezabel consulta oráculo.
Jezabel sobe pela escadaria do Templo de Baal, até nave interna. No altar do templo, Baal-Zebub e Astarte, em amplexo amoroso, são reverenciados por uma profusão deuses cananeus e de símbolos místicos.
O grão-sacerdote se apresenta, em gesto de saudação religiosa.
(GRÃO-SACERDOTE)
Glória a Baal!
(JEZABEL)
Amaleque, prepare o ritual.
(AMALEQUE)
Imediatamente, sumo-sacerdotisa.
Em trajes religiosos, Jezabel retorna ao lúgubre salão do altar, onde é aguardada pelo silencioso sínodo baalin. O soar do sino antecede a aparição grotesca que salta entre eles. Tendo sobre a face uma máscara vítrea de feições diabólicas e sobre a cabeça uma coroa de pontas angulosas, a aparição assume uma postura imóvel.
(JEZABEL)
Oráculo! Atenda ao chamado de Jezabel, sumo-sacerdotisa de Baal!
O oráculo responde em tom murmurante:
(ORÁCULO)
O grande Baal escutará o seu pedido!
Com sorriso enfermo, Jezabel replica.
(JEZABEL)
De onde provém o poder do bruxo que amaldiçoou o Reino de Israel?
(ORÁCULO)
Elliaaahhhuu...
O relâmpago é a sua espada!
(JEZABEL)
Que homem pode ter a força de um relâmpago?
Jezabel aproxima-se do oráculo com sorriso irônico.
(JEZABEL)
Por que, então, fugiu e não me enfrentou?
Onde se oculta o maldito bruxo?
O oráculo permanece em silêncio frente ao questionamento da sumo-sacerdotisa. Jezabel insiste com veemência.
(JEZABEL)
Responda-me oráculo, onde está aquele maldito bruxo?
(ORÁCULO)
Baal deseja sangue flamejante vertendo em suas mãos!
Os sacerdotes socorrem o oráculo que desfalece. Os olhos turvos da sumo-sacerdotisa se direcionam para o grão-sacerdote. Jezabel estende-lhe a mão, pelo que Amaleque fornece uma adaga de sacrifício. Segurando a adaga, Jezabel observa atentamente cada um dos sacerdotes paralisados pelo temor. Percebendo a aflição de um jovem iniciado a rainha aproxima-se suavemente.
(JEZABEL)
Por que temes sacerdote?
Jezabel desfere um golpe que atravessa a garganta do jovem sacerdote. A rainha entrega a adaga a Amaleque e segura pelo pescoço o corpo do sacerdote que tomba de joelhos.
(JEZABEL)
O verdadeiro devoto deve estar pronto para viver ou morrer pela glória de Baal!
Tendo as mãos regadas de sangue a sumo-sacerdotisa inquire o oráculo, diante do sínodo estarrecido.
(JEZABEL)
Desperta oráculo de Baal!
O oráculo desperta!
(ORÁCULO)
Eliahu ruma para o norte, para a terra dos fenícios.
(JEZABEL)
O bruxo debocha de mim escondendo-se nos domínios de meu pai?
(ORÁCULO)
A sombra da espada de Assur recobre a cabeça dos israelitas!
Tendo pronunciado essas palavras o oráculo desfalece.