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Artigos-->O risco-Americano -- 21/07/2002 - 11:21 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O RISCO-AMERICANO

(por Domingos Oliveira Medeiros)





O neoliberalismo, finalmente, caiu na real. Entrou em rota de colisão com os fundamentos básicos de qualquer economia de mercado. A credibilidade do sistema financeiro está abalada e ameaça destruir o único suporte de sustentação do chamado capitalismo de resultados. A ganância, aliada ao imediatismo por lucros cada vez maiores, e em menor espaço de tempo, bem como a falta de instrumentos reguladores do mercado de capitais, ameaça a estabilidade e a hegemonia norte-americana, sugerindo uma ruptura com o atual modelo monetarista, em que se baseiam as políticas econômicas seguidas, à risca, principalmente, pelos países do terceiro mundo.



Dizem, os entendidos, que a partir do momento em que altos executivos de empresas americanas começaram, além do salário, a ter outras formas de remuneração, como, por exemplo, o direito de comprar ações das empresas das quais faziam parte, revendendo-as, no pico de alta na valorização, o processo gerou uma expectativa crescente de enriquecimento pela via especulativa.



Desse modo, no momento em que as ações de grandes empresas, como a Enron, WorldCom, AOL, Time Warner, Xerox, e outras, pela normalidade de suas cotações, começaram a cair, os executivos, livres de qualquer regulamentação a respeito, não demoraram para “intervir” no processo, invertendo o resultado negativo, a partir de fraudes contábeis nos balanços daquelas empresas. Ou seja, a mentira passou a ser o instrumento utilizado pelas grandes empresas para manter a situação atraente, do ponto de vista dos investidores. Não se demorou muito para que o artifício enganoso fosse descoberto. E os prejuízos logo se fizeram sentir.



O maior desses prejuízos, naturalmente, ficou por conta dos Estados Unidos que tiveram que provar do seu próprio veneno, imposto, de certa forma, aos países do terceiro mundo: a mentira, a partir de conceitos de risco bastante discutíveis, que serviam de parâmetros para a fuga de capitais daqueles países do terceiro mundo, sugerindo que o governo tomasse medida para atrair novos capitais especulativos, a partir do aumento de taxas de juros, por exemplo, num ciclo vicioso de dependência de capitais e de endividamento público, passou a ser problema, também, dos Estados Unidos.



Como a especulação financeira não tem pátria, a fuga de capitais se fez de imediato. Não foi por outra razão que o dólar ficou desvalorizado em relação à moeda européia.



Em vista desses fatos, é bom lembrar o que nos diz a respeito o cientista político e sociólogo Emir Sader, em sua coluna do Jornal do Brasil:



“Enquanto outros países sofriam com a volatibilidade do capital financeiro, os EUA ganhavam, porque a fuga de capitais do até aqui mercado mais seguro do mundo se dirigia para Nova York. Enquanto houvesse um grande ganhador, nenhuma iniciativa de retorno a formas de regulação do capital financeiro poderia prosperar. O que pode ressurgir agora são mecanismos de controle do capital especulativo, porque a economia hegemônica também pode estar sofrendo um ataque especulativo provando do seu veneno. (...) “O próprio contexto internacional está em rápido processo de mudança. A passagem da economia norte-americana da expansão à retração e suas conseqüências em todo o mundo aumentaram o protecionismo comercial. A crise financeira norte-americana agora aponta para limitar o processo de desregulação financeira. Termina assim o consenso neoliberal e se abre um vazio de projetos hegemônicos. Entre a dolarização e novas formas de regulação se joga o futuro dos nossos países. Os que não souberem responder às novas condições, serão vítimas, de novo, de posições subalternas, como as da grande maioria dos paises latino-americanos. Os que souberem romper, apontarão para horizontes novos, renovadores, de políticas pós-neoliberais.”



E pensar que a equipe econômica deste governo levou oito anos acreditando na política econômica imposta pelos norte-americanos, sem se dar conta de que seus resultados, em momento algum, sugeriam uma saída para o ciclo vicioso de endividamento crescente e de subserviência ao capital especulativo. Não foram capazes de acender uma luz no final de túnel, de refletir e de criar soluções próprias para sair desse impasse. Optaram pelo mais cômodo. Fazer o jogo do FMI e do capital internacional. Apostaram na moeda. Como se o dólar tivesse lastro sustentável. Como se a mentira fosse verdade apenas para nós, do terceiro mundo. Enganaram-se e enganaram-nos. Coniventes ou não. E ainda tem candidato que pretende dar continuidade a esta política em curso.



A imprensa deveria cobrar e divulgar, diariamente, como faz em relação ao Brasil, em que patamares se situam o “risco-Americano”. Afinal, não é só a nossa moeda que se desvaloriza. A queda do dólar, também, é real.



DOM 21 de julho de 2002



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