Mas, afinal o que é o crime "organizado"?
Empresa altamente lucrativa atuando em todos os segmentos do mercado?
Investindo em tecnologia de ponta, ciência e pesquisa?
Produzindo espécimes clonados de políticos geneticamente modificados, resistentes às pragas, às crises econômicas, à dor, à miséria, à honestidade e aos valores cívicos e patrióticos?
Será, porventura, o livre mercado financeiro, sempre desconfiado?
O doce conúbio, melíflua simbiose entre bandidos e Estados, no feliz mundo "globobalizado" ?
São recursos suspeitos, desviados da merenda escolar da creche da "Tia Nininha", cujo sobrinho ocupa alto cargo no mundo das finanças de Wall Street ?
É o dinheiro sujo, esperando ser lavado?
Ou o que já tomou banho e sai a passear despreocupado?
São recursos mal afamados, provenientes do lenocínio, do jogo e do tráfico?
Era dinheiro honesto, desencaminhado pelas más companhias?
É insensível e malvado por concentrar o poder nas mãos de uns poucos abastados?
Afinal, o crime organizado tem ou não tem responsabilidade social ?
Será que financia boas obras de filantropia e por humildade e modéstia jamais permite sejam seus nobres gestos revelados?
Será que seu retrato poderia ser publicado nas colunas sociais das revistas especializadas?
Será que neste exato momento está escondido, protegido pelo sacrossanto sigilo bancário, para não ser importunado pela enorme legião de seguidores, por ser ídolo assim tão adorado?
Será que as religiões o abençoam e bendizem, por ser fruto do trabalho abnegado dos que mantêm as guerras e os povos mansos, alienados e trancafiados?
Será que irá ganhar o primeiro papel em um novo seriado?
Será que se importa quando um seu par é seqüestrado?
Ou será que precavido, contratou um bom seguro para não correr riscos e não sofrer prejuízos?
Será que é sócio majoritário do Banco Mundial, do BIRD, do BID, da ONU e do FMI e acha que subdesenvolvido além de faminto é otário?
Será que sabe dos horários, em que os líderes dos países por ele parasitados, fazem xixi?
Será que escolhe seus representantes com todo cuidado, para trabalhar em países emergentes, disfarçados de presidentes de empresas de fachada disfarçadas de transnacionais, de ONGs e de entidades que promovem a cultura, o lazer e o esporte?
Alguém disse, à boca pequena, que roubou a patente do afrodisíaco caseiro, receita de família de uma gentil anciã do interior, aposentada, com vinte netos, além da filha e do genro, para sustentar...
Bruno Ropf
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