Com a paz eu adormeço e com a paz eu me acordo, abro as janelas dos meus olhos e do meu quarto, deixo o sol entrar pela casa e aos poucos acordo para a vida que me espera lá fora.
E me perco um pouca da paz durante o dia, quando me fecham no trânsito, quando perco a hora, quando pego uma fila, quando me lembro o que deixei para trás e o que ainda está por vir, me perco um pouco da paz quando percebo que a vida consegue ser maravilhosa e perversa ao mesmo tempo.
Eu chorei por mim, quando soube que nada seria do jeito que sonhei, eu chorei por nós por saber que a dor é o que nos torna todos iguais, eu chorei por mim quando soube que a voz do coração nem sempre vai nos dizer o que queríamos ouvir, eu chorei por nós quando soube que a guerra é o castigo que nos traz a paz.
Eu chorei por mim por não saber o que me aguarda e o que me espera, eu chorei por nós por saber que lutamos por causas que não são nossas e morremos em nome de ideais que não nos pertencem.
A liberdade pode ser uma benção ou uma maldição.
Será uma benção se soubermos usá-la até o limite da liberdade de nosso próximo, será uma benção enquanto ela nos livrar da solidão e nos trouxer a paz, mas será uma maldição à medida que nos separar das pessoas que amamos ou nos obrigar a fazer coisas que não queremos.
Eu pensei em mim e nas minhas contradições, às vezes vermelho, às vezes sangue, às vezes tédio e às vezes emoções, eu pensei em nós, às vezes juntos e às vezes iguais, às vezes felizes e às vezes mortos.
A vida é breve e muitas vezes não dá nem tempo da gente pensar no que ela é e por isso que eu chorei por mim e chorei por nós.
