A astúcia de Timóteo Aleijado
De Airam Ribeiro 07/03/07
Timóteo o Aleijado
Fato narrado por Begão
Que viveu na região
Há muito tempo passado
Por está endividado
Usou sua sabedoria
Que o povão naquele dia
Chegando bem na hora
Não querendo ir embora
Ficou fazendo arrelia.
Timóteo o Aleijado
Fazedor de mutreta
Escanchado na moleta
Dando uma de coitado
Comprou muito fiado
Que não podia pagar
Ficou naquele lugar
Matutando o que fazer
Para o povo poder crer
Deu uma de se suicidar.
Ao redor daquela pensão
O povo se aglomerou
Para ver aquele horror
Muitos não faziam questão
Dele não tinha compaixão
Pois devia toda cidade
Não devia ter a piedade
De quem não pagava o fiado
Era fato consumado
Por ele ter maior idade.
A pendenga já armada
A filha de dona Laurita
Por nome de Chiquita
Um copo d’água lhe deu
Com aquele jeito seu
Dando de intrometida
E também compadecida
Falou pro povo baixinho
Olhe gente o Timotinho
Vai beber a formicida!
E Timóteo preparou
Logo o pozinho branco
Com um jeitinho franco
Duas pedras ele pegou
Mas ele então maliciou
Para o povo poder crer
Mexeu até dissolver
E o povo mesmo sem ira
Foi gritando vira... vira
Querendo o ver morrer.
Ele engoliu a beberagem
E as pedrinhas a mastigar
Ficou logo a estrebuchar
Digo aqui de passagem
Que ele naquela imagem
Da dívida pedia perdão
Jogando a moleta no chão
Dando pulos igual saci
Para que todos que estavam ali
Tivesse dele compaixão.
Gosma saia aos montão
Bolhas na boca escorria
O povo de nada sabia
Do truque do sabidão
Que parecia até sabão
Timóteo tava morrendo
Muitos estavam dizendo
Começou então a gemer
Com aquela coisa a escorrer
Que pelo chão ia descendo.
E o povo lhe dava perdão
A cada um dos gemidos
Muito fora do sentido
O povo de bom coração
Não negavam aquele não
E as dividas ia perdoando
Vai em paz iam falando
Morreu antes do que eu!
Portanto cê vai com Deus
Jesus vai te acompanhando!
Depois das contas quitadas
E dos pecados apagados
Era gente por todo lado
Todos com caras assustadas
Sem ter o que dizer nada
Viu Timóteo ressucitar
Sem ter ninguém pra pagar
Pegou as moletas no chão
E agradeceu de coração
Deixando todos a pasmar.
O truque estava feito
O pozinho da maisena
Fez bem perfeito a cena
E as pedrinhas no jeito
Com a água fez o efeito
Quebradas do sonrizal
Pra curar todo o mal
De Timóteo Aleijado
Que morava no mercado
Em sua cidade natal.
Aleijado e esmolé
Foi Timóteo para a lida
Mas adimplente com a vida
Sem conhecer uma mulher
Mesmo as dos cabarés.
Saiu Timóteo livre por aí
Dando risadas aqui e alí
Fazendo suas mutreta
Sem aquelas suas moletas
Dando passos de saci.