Coisas da Minha Terra IV
"Sodadi do Falicido"
Terê das Bêra Mar
Vem chegano na cidade
decerto até no sertão
esse tempo de gastura
gela dos pé inté as mão
a gente procura borso
bate cos dedo no osso
e acaba sem solução.
Vai chegano de mansinho
com jeito de vim ficá
a maledeta sodadi
de quem foi pra num vortá
resorvê num resorvia
mas era tanta a folia
frio danava a desgarrá.
Eu falo do falicido
que já mi dexa mintí
valia pruma cuberta
num tempo desse daqui
na verdade num cubria
mais o calor eu sintia
de tomá ela pra mim.
Naquilo varava a noite
toma lá me dê pra cá
rabugento e saliente
num gosto nem de alembrá
eu cheguei sinceramente
a rezá de traiz pra frente
reza que me feiz casá.
Num é que o santo iscutô?
Vivia os piôio a coçá
que ele foi o responsáve
um jeito havia de dá
fez o acerto na marreta
deu ao finado a perneta
que acabô de lhe matá.
Eu saí da história ilesa
sem pecado pra pagá
co’as mias cuberta de vorta
sem ninguém pra me tomá
inda fiquei com o troco
vizinho forte e maroto
que acabei por namorá.
Nenhum santo poderia
melhor negócio ajeitá
esse é o fim dos garanhão
que tão sempre a galinhá
paga a conta, doa o troco
quando se vê no sufoco
num dá tempo de vortá.
Mas essa baita sodadi
num tenho como evitá
tudo começa bonito
depois dana a desandá
a paxão tem validade
quem pensá em eternidade
vai sê um pega pra capá.
Eu tenho cá um parpite
pra quem quisé utilizá
casamento e promissória
pricisa de renová
nos dois de prazo vincido
pra mulher e pro marido
é dose pra se aguentá.