Deu nos jornais: O mercado voltou a ficar agitado depois que foram divulgados os resultados sobre uma pesquisa na qual o candidato Ciro Gomes (PPS) teria ultrapassado o Tucano José Serra, assumindo a segunda posição, logo abaixo de Lula, do PT. A crise política no Paraguai teria contribuído para que os investidores aumentassem sua desconfiança em relação ao Brasil. O “Risco Brasil”, como se sabe, é medido pelo banco americano JP Morgan. Balanço divulgado ontem mostrou que os investidores estrangeiros, preocupados com a sucessão e a própria crise financeira internacional, retiraram quase duzentos milhões da Bolsa de Valores de São Paulo.
Várias leituras podem ser feitas destes fatos. A primeira é a de que o Brasil estaria em melhor situação se não realizasse eleições. Ou se o candidato José Serra conseguisse ocupar o primeiro lugar nas pesquisas. E, finalmente, nada disso aconteceria se o Brasil adotasse a censura, pura e simples, para todos os meios de comunicação, em relação aos assuntos que, direta ou indiretamente, fizessem referência às eleições no Brasil. Nada seria divulgado, até o resultado do pleito.
Parece até piada, mas é verdade. Até parece que nós brasileiros estamos sendo espiados pela fechadura indiscreta do Big Brother internacional. Estamos conduzindo, ou sendo conduzidos, pela economia do “faz de conta”, do boato e da mentirinha esfarrapada. E só existe risco no Brasil. Nos Estados Unidos da América, grandes conglomerados econômicos foram pegos burlando os resultados contábeis de suas empresas. O próprio presidente e seu vice estão sendo investigados pelo Senado. O dólar recuou em relação ao Euro. A Bolsa de Nova York chegou a cair mais de 5%; a de Londres despencou em quase 6%; a de Frankfurt, idem; e a de Madrid, cerca de 4,52%. E no Brasil? Bem, no Brasil o dólar subiu. E o risco também.
Pergunta-se: quais os critérios utilizados pelo banco JP Morgan para definir o montante do risco brasileiro? Com autorização de quem o banco JP Morgan vem interferindo, negativamente, na economia de nosso país? Caberia alguma queixa junto a Organização Mundial do Comércio? Ou junto a ONU? Seria o caso de interpor recursos junto a um Tribunal Internacional? Os Estados Unidos não poderiam coibir este tipo de ingerência? O governo brasileiro tem em mente alguma providência a respeito? E porque só se levanta o risco em relação ao terceiro mundo? E o risco americano? E o risco de outros países? Não existe? Apesar de todas as falcatruas? E porque o dólar, por conta do mesmo fenômeno, perde valor em relação à moeda européia e sobe de valor em relação ao real? Tem alguma coisa de muito errado em tudo isto.