A Zona Norte está sendo berço de diversos talentos artísticos e dentre estes, o Núcleo Teatral Rapsódia, da Companhia Teatral Santanense, ocupa lugar de destaque pelo grande sucesso da peça "Fábrica de Teatro", adaptada e dirigida por Marc Fortuna. A reportagem do jornal Enfoque Regional adentrou nos camarins da Companhia e publica com exclusividade a entrevista com atores e profissionais ligados ao Rapódia/Santanense.
Marcos Caldeira, 23 anos, ator, reconhece que o papel onde encontrou maior dificuldade para encarnar o personagem, foi no quadro "José da Silva", no qual foi o protagonista. Além desse personagem, o ator, que assim como os demais, teve a necessidade de representar mais de um papel, encontrou dificuldades também em atuar como Frederico, um soldado apaixonado por um combatente rival, num amor não tão explícito. Além desses personagens, Caldeira atuou também como um drogado, protagonizou o poema "Pátria Minha" e participou do coro do "Poema do Carnaval".
Para representar essa peça, os atores tiveram que estudar bem as características de cada personagem. Marcos Caldeira disse-nos que o tempo de ensaio foi muito escasso e, por isso, houve a necessidade de manter um bom entrosamento entre todos os atores. "Faço teatro há aproximadamente seis meses. Acho que é um tempo pequeno, mas tenho me esforçado bastante para melhorar. Comecei no Núcleo Rapsódia através do convite de meu diretor Marc Fortuna. Ele foi o meu padrinho teatral. Teve confiança em mim e acho que consegui recompensá-lo por isso", comentou Marcos. Caldeira foi convidado pelo diretor teatral de outra companhia, Paulo Fernando, para participar de um triálogo entre uma cama, um anjo e uma criança. Neste triálogo, Marcos atuará como "cama", um personagem de vital importância no decorrer da peça. Não houve restrição por parte do diretor do Rapsódia/Santanense, pois Paulo Fernando é o responsável pela excelente sonoplastia de "Fábrica de Teatro".
Edinaldo Santos, 24 anos, faz parte da Companhia há aproximadamente quatro meses. Antes, participou do grupo "Tabaco", onde representou a tragédia grega "Missa para Oréstes". Na coletânea adaptada por Marc Fortuna, Edinaldo atua no coro de "Pátria Minha", desenvolve o monólogo de "Na Boca", recita duas estrofes do "Poema do Carnaval", e ainda desenvolve o papel do viciado Marcelo e do soldado Alfredo, um soldado apaixonado desde a infância por outro soldado, porém lutando em lados opostos.
Segundo Santos, o trabalho foi muito difícil e exigiu muito talento, garra e força de vontade do diretor Marc Fortuna e dos atores. Fizeram muitos laboratórios e excercícios para obterem o sucesso estrondoso da grandiosa estréia. O ator afirmou ainda que teve que aprender muitas coisas, como por exemplo, beijar outro homem. "Eu nunca tinha beijado outro homem na boca, e tive que aprender a fazer isso sem me chocar", disse o ator. A falta dos componentes nos ensaios, falta de espaço apropriado e falta de recursos financeiros para investimento em figurinos e cenários foram, segundo o ator, o principal problema enfrentado pela Companhia. "Sem o apoio da Universidade Sant Anna, jamais obteríamos o sucesso que alcançamos com essa peça", acrescentou o ator.
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* Publicado no jornal "Enfoque Regional", 12/11/1994
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