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Textos_Religiosos-->O Elo da Unidade -- 26/01/2007 - 14:00 (Edison Carmo das Graças Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
01 – Introdução.

O objetivo deste texto é o de que venhamos refletir um pouco sobre a unidade da igreja. Não poderíamos abordar este assunto sem falar brevemente sobre a divisão, doença esta que tem solapado a unidade do corpo de Cristo. Nosso desejo, ainda, é o de que este alerta venha motivar os cristãos a trabalharem juntos na semeadura da palavra de Deus no mundo e, ao mesmo tempo, terem o caráter moldado para o serviço na igreja do Senhor. Jesus treinou seus discípulos para andarem juntos e os enviou de dois em dois para cumprirem missões específicas. O Senhor deixou transparecer que sua vontade era que seus discípulos aprendessem trabalhar em equipe.

Possivelmente, já nos tenhamos feito esta pergunta: porque surgem com freqüência tantas dificuldades de relacionamento quando trabalhamos juntos? Cada criatura é um mundo de individualidades. Jesus certa vez ordenou que não levássemos nada pelo caminho, nem alforje, nem pão. Se a nossa confiança se estribar em métodos, modelos e teorias, engendradas pela sabedoria humana, serão cargas inúteis, que podem se tornar motivo de discórdia e dissensão.

Não nos apercebemos o quanto somos assediados pelo mal que se chama divisão. Ela é capaz de perdurar por longo tempo no meio da cristandade, contaminando o bom relacionamento e a convivência sadia entre cristãos, manchando as vestes da noiva que se atavia e busca apresentar-se sem manchas e sem rugas diante de Jesus Cristo, o Cordeiro, no dia da sua volta.

02 – O Contexto da Unidade.

Nunca se desejou tanto a unidade do corpo de Cristo, como nos dias de hoje. A multiplicidade de doutrinas trouxe grande confusão e ansiedade ao povo de Deus. Por isso, há na presente geração elevada expectativa de que o corpo de Cristo retorne, urgentemente, ao primeiro amor que levou os cristãos dos primórdios da igreja a viverem unidade jamais experimentada.

A unidade da igreja primitiva tinha como fundamento uma vida alegre, repleta de graça, diante de Deus e dos homens. A unidade é condição básica para a sobrevivência da igreja nos dias atuais. Caso a igreja perca o prazer de viver em unidade, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão lançada fora ser pisada pelos homens.

03 – O Trunfo do Inimigo.

Na tentativa de oferecer resposta a este anseio externado pelo povo de Deus, várias congregações puseram-se a esboçar métodos, modelos e estratégias distintos, a fim de alcançar a unidade da igreja, mas, infelizmente, ao invés de trazerem benefícios e saúde ao Corpo de Cristo, sufocaram a sã doutrina e produziram divisão.

Os moldes traçados por não poucas congregações tornaram-se camisas de força que escravizaram a conduta de seus fiéis. Os modelos deram origem a uma espécie de dogma, ou verdades inquestionáveis. Esses procedimentos com o correr do tempo sedimentaram caminhos individuais muito peculiares, não tolerantes às diferenças, levando irmãos a romperem a comunhão e seguirem seus próprios rumos.

O recrudescimento desse individualismo cristalizou a divisão do corpo de Cristo, conduzindo diversas congregações cristãs a criarem dogmas e seitas, em conseqüência do desvio da sã doutrina que Jesus Cristo nos legou. Em muitos casos, arrastando consigo o povo de Deus a uma competitividade nociva, inclusive dentro das próprias congregações, no afã de provarem deter o melhor ensino. O fruto dessa competitividade é a divisão.

Cada novo dia seitas e mais seitas insurgem-se e junto com elas o êxodo de ovelhas entre um aprisco e outro. Com isso o diabo tem conseguido obter grande trunfo – o de manter enorme contingente da igreja aprisionada em sua própria condenação. Paulo de Tarso assevera categoricamente que não herdarão o reino dos céus os que vivem na prática da inimizade, da porfia (discussão, teimosia, obstinação), da discordância, da dissensão (divergência) e das facções.

Os que praticam a divisão do corpo, na verdade estão abandonando a sã doutrina para sorverem a essência de Satanás, a saber: o egoísmo, a soberba e a arrogância. Esses frutos levaram o diabo à sua condenação eterna e promoveram a primeira divisão no céu, entre Deus e anjos. Esse acontecimento fez com que parte das hostes celestiais se tornasse maligna. E se Deus não poupou aos anjos dos céus, certamente, não poupará também os que vivem na prática desse pecado.

04 – De Volta à Unidade.

Ora, caso nossa situação seja a de que estejamos esparramando o rebanho ao invés de ajuntá-lo, o que fazer então? Visando facilitar a exposição do assunto utilizaremos um pensamento que ouvi em algum lugar, que não me recordo mais aonde: A igreja é formada por famílias cristãs, logo, as famílias são as células da igreja; e, também, essas famílias são constituídas por pessoas cristãs; portanto, cada cristão é o menor elemento que constitui a igreja, sendo assim, porque não iniciarmos nossa caminhada em direção à unidade do corpo de Cristo partindo de nós mesmos?

Sem entrarmos no mérito do pensamento a que a pouco nos referimos, podemos ponderar que: se cada cristão na face da terra, na condição de menor elo que forma a igreja, decidir se esvaziar de si mesmo e se tornar pessoa humilde e mansa, sua conduta jamais dividirá o corpo de Cristo. Ao tempo em que influenciarão as famílias no sentido de que absorvam qualidades nobres como a brandura e a hospitalidade.

Só conseguiremos impactar o mundo com nossas vidas se deixarmos o Espírito Santo moldar nosso caráter e transformar nossa conduta, tornando-nos um só em Cristo. Nada mais intrigante para o incrédulo que o selo da conversão, o qual é o maior sinal da unidade cristã. É experiência sobrenatural única para todo cristão. O Espírito Santo, que é o selo da salvação, imprime em nós o caráter de Cristo. Os cristãos que residem no Brasil, na China, ou em qualquer outra parte do mundo, sem se conhecerem antes, identificam-se na experiência renovadora do nascer no reino dos céus, sendo este nascimento o testemunho mais forte de que Jesus Cristo ressuscitou e está vivo dentro de nós.

A condição básica para que a igreja no mundo de hoje ande junta é a de que nós cristãos tenhamos o mesmo caráter, o caráter de Jesus! Acredito não ser mera retórica o fato de Jesus iniciar o sermão do monte dirigindo sua primeira bem-aventurança aos pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Os pré-requisitos para se manter unidade na igreja são humildade e mansidão de espírito.

05 – O Esvaziar-se de Si Mesmo.

João Batista veio preparar o caminho do Senhor e em sua pregação dizia: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus!”. A primeira pergunta que nos vem à mente é arrepender-se de que? O arrependimento é o processo pelo qual esvaziamos nosso coração para receber o evangelho do reino. Não podemos encher de água um recipiente que já esteja cheio, ele não comportará o líquido excedente e transbordará.

O Messias inaugurou o seu reinado na terra, mostrando-nos com a própria vida a gritante necessidade, existente no meio cristão, de se esvaziar de si mesmo, prática esta essencial no dia a dia de qualquer crente que queira viver como o Mestre viveu. Jesus não tinha pecados pelos quais deveria se esvaziar, desfazendo-se do peso que eles acarretam, confessando-os!

Por outro lado, Ele tinha autoridade e majestade por pertencer à família do Rei! Era Ele o príncipe da Paz! Ele Não levou em conta a sua condição de ser igual a Deus, esvaziou-se dos privilégios de pertencer à família real do reino dos céus e submeteu-se por inteiro à vontade do Pai, tornando-se homem pobre e humilde, o qual seria levado à cruz para reconciliar homens pecadores com Deus.

Se a essência de Satanás é o orgulho e a soberba, a essência de Jesus é a humildade e a obediência. Acredito que seja mais difícil despir-se da autoridade e dos privilégios obtidos com os serviços que se presta ao corpo de Cristo do que confessar e arrepender-se de pecados. Porque mais difícil, perguntaríamos?

O apego a privilégios e posições dentro da cristandade pode ser doença muito mais sutil e maligna do que se pode imaginar. Sendo sutil não recebe “status” de pecado, não sendo tratada como pecado não é, portanto, confessada! E, assim, perdura no seio da igreja cercada de complacência e tácita conivência, levantando barreiras intransponíveis, cuja argamassa é a intolerância.

Jesus advertiu com instância: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus!”. Não se pode enxergar o fermento colocado na massa, mas é possível sentir os seus efeitos. Uma massa levedada incha e é incapaz de voltar ao seu estado natural. É de se admirar que Jesus não tenha sido reconhecido pelos judeus, tampouco tolerado pelos escribas e fariseus.

Tinham eles a “Torah” e conheciam as profecias, porém os privilégios e as posições lhes ensoberbeceram o espírito, não lhes permitindo suportar um humilde carpinteiro a lhes corrigir a falsidade de doutrina e a realizar diante do povo curas, sinais e maravilhas.

Paulo de Tarso, zeloso fariseu e cumpridor das sagradas letras a princípio não reconheceu nem aceitou os primeiros cristãos. Consentiu na morte de Estevão e guardou as roupas daqueles que executaram o castigo deste mártir. Isso tudo nos convida a tomarmos cuidado com o orgulho e a soberba, pois desse fermento não estamos imunes.

06 – Humildade Versus Orgulho.

Arrependimento é, antes de tudo, uma decisão racional. É boa prática a ser adotada, dia após dia, por nós cristãos. Se de um lado o orgulho nos impede de nos esvaziarmos de nós mesmos, por outro a humildade nos convida a vivermos uma vida em comunhão, cuja alegria esteja centrada no prazer de servir ao próximo.

Orgulho é capaz de produzir intolerância e separação. Romper laços de comunhão e arrastar o ser humano a caminhos solitários. É doença que gera fome espiritual e tristeza. O caminho do solitário o conduz a um estado de tristeza e abandono, fazendo brotar no seu coração profundas raízes de amargura, que são capazes de abater ao mesmo tempo a alma e o espírito. Não permita no seu consciente que a tristeza tome conta de sua mente, de seus pensamentos e venha contaminar todo o seu corpo.

O lado oposto da tristeza é a alegria. Se tivermos pelo menos consciência de que podemos influenciar o nosso humor, já teremos andado meio caminho. Deliberemos em nossa alma consagrar cada um de nossos dias inteiramente ao Senhor, alegrando-nos na força do seu poder.

Caso venhamos perder o regozijo do Espírito e a alegria que vem de uma vida cristã humilde e consagrada a Deus, o que nos restará? Apenas viver o fútil rigor da lei, ou seja, o cumprimento da lei pela lei. Tal legalismo destrói a liberdade que há em Cristo Jesus e faz brotar nos corações toda sorte de vaidade e arrogância, conduzindo a alma soberba a uma vida vã, atrelada em aparências e posições.

É de se pensar que a doença do orgulho não nos atinge. Permita-nos um rápido teste: Repreenda uma criança serva do Senhor e observe como ela é predisposta a acolher a correção. Agora, se não for incômodo, deixe-nos fazer uma pergunta: Adultos ficam ou não ressentidos quando censurados? A verdade é que com freqüência a mágoa que uma admoestação causa toca-nos profundamente. Um servo dificilmente se deixaria levar por esses sentimentos, ele entende que não tem direito a nada, a não ser a obrigação que lhe é imposta pela sua condição de servo.

Precisamos refinar um pouco o nosso conceito: Servo é um escravo e escravo não se melindra com correção, pelo menos não deveria! O cristão maduro é aquele que está suficientemente acostumado a se humilhar e não se importa com reveses que a vida lhe traz. Se olharmos para dentro de nós e enxergarmos realidade diferente daquela que costumamos postular, a de que somos “servos do Senhor”, seremos levados à conclusão de que há uma seara enorme a ser trabalhada dentro de nossa própria alma. O fato é que quando recebemos uma admoestação nosso orgulho grita, esperneia-se e se aborrece.

Essas atitudes sinalizam que ainda continuamos arrogando a nós uma lista enorme de direitos. Ora, se possuímos direitos já não somos servos, mas senhores. Talvez acreditemos que exista uma casta especial de serviçais do reino aos quais se permite não aceitar a contraposição aos seus direitos. Por isso, brigamos e não nos submetemos à prática do lava-pés, perdendo com isso preciosa oportunidade de nos submeter ao governo do reino.

07 – Rompendo as Barreiras da Insubmissão.

Em um reino subentende-se a existência de um senhor – O rei. O rei não governa sobre amotinados, pelo contrário, subjuga-os. Para que exista um reinado, cabe aos súditos, voluntariamente, acatar o governo do rei ou então rebelar-se. Um reinado exerce autoridade sobre bens, patrimônios e pessoas que vivem sob seu domínio e dentro de seu território.

Qualquer indivíduo, infelizmente, pode viver a contra gosto debaixo de um governo, com murmurações e tristezas, não se submetendo à autoridade do reino. Quão infeliz se torna este pseudo cidadão por não se arrepender de seu obstinado caminho. Um coração cheio de amarguras e tristezas não tem capacidade de receber a disciplina de um reinado. Antes precisa esvaziar-se de si mesmo.

Um reinado não abarca apenas o que está aparente, ou o que se pode ver com olhos humanos, mas seu domínio envolve também o coração do súdito. Contudo, é possível se viver debaixo de um reinado sem levar cativos os pensamentos, as emoções e as atitudes ao domínio do reino.

O reinado de Jesus não é constituído por súditos, mas por discípulos! O discípulo tem um papel muito mais abrangente. Além de viver como verdadeiro súdito, que obedece e se submete ao reino, ele tem a tarefa de multiplicar.

08 – O Elo da Unidade em Nível do Indivíduo.

Chegamos a um ponto importante de nossa exposição. Jesus deu início ao sermão do monte dirigindo as bem-aventuranças aos humildes de espírito. Eles convivem com outras pessoas sem dificuldades, por conta do caráter que possuem. São pessoas cordatas. Detêm qualidades que abrem portas aos relacionamentos e tornam mais fáceis as tarefas. O bode diferencia-se da ovelha pelo fato de não se deixar conduzir. A ovelha é um animal manso e dócil, fácil de ensinar e de se conviver. Apesar das diferenças, ambos devem conviver juntos. Este é o grande desafio da unidade.

O posicionamento contrário ao de uma pessoa mansa e humilde é o de uma pessoa de cerviz dura. Esta se torna peso para toda e qualquer obra que se vá empreender. Só coloca mão no arado se as suas idéias e pensamentos se sobrepuserem às demais. Conduzem as tarefas de forma a que o trabalho venha se identificar com os seus interesses. Para os companheiros de jornada são lixas de desbaste para os relacionamentos. O seu prazer está em se ocupar com discussões infrutíferas.

Humildade não é ação contemplativa, tampouco comportamento passivo. Nem é qualidade de uma pessoa amuada em um canto, com o semblante fechado e triste. Pelo contrário a humildade é atitude ativa. Ela aborrece persistentemente a alma acomodada, levando-a a frutificar. É viva e eficaz para nos fazer interagir com as pessoas que estão à nossa volta.

Entre uma pessoa cordata e uma de dura cerviz, existe longo caminho a ser trilhado por ambas. Deus pôs todas juntas. Na discordância há sempre uma lição a ser aprendida. Devemos nos lembrar que em qualquer tipo de litígio, não há envolvimento de apenas um demandante, mas dois. A teimosia somente perdurará se o posicionamento dos litigantes for o de não ceder.

Situações deste tipo são excelentes para aprendermos a argumentar com docilidade e, se não conseguirmos convencer nosso opositor, eis aí chance sem igual de exercitarmos a fé. Roguemos ao Senhor da seara que transforme a água em vinho, assim poderemos ver o milagre de transformação do coração, quer seja o nosso quer seja o de outra pessoa. Pessoas humildes conseguem trabalhar juntas. Pessoas cheias de si precisam passar por um processo de esvaziamento para se tornarem aptas a edificar uma obra. Se não houver humildade certamente dissabores e dissolução baterão às portas.

Acumulamos conhecimentos ao longo de nossa vida! Enchemo-nos de planos. Podemos até possuir boas idéias, mas se o nosso caminhar não se revestir de humildade e mansidão, o trabalho não frutificará. Pelo contrário, tenderemos a realizar uma obra penosa e sem frutos. Precisamos converter nosso saber em ações mansas e transformar nosso conhecimento em atitudes práticas, atitudes estas cheias de humildade. Não esperemos ser convocados ao serviço, sejamos voluntários e nos antecipemos às necessidades.

09 – O Elo da Unidade ao Nível de Família.

Voltemo-nos agora às pessoas designadas por Deus para se relacionarem e conviverem sob o mesmo teto, com o objetivo de carregarem os fardos umas das outras. Deus nos coloca em família não por obra do acaso. O nosso lar além de abrigo é lugar de acolhimento, consolo e descanso. Temos a rica tarefa de desenvolvermos o caráter um do outro, por meio do relacionamento dentro do ambiente familiar. Esta é a primeira escola da vida.

Há quem diga que o maior patrimônio que temos é o tempo. Deus nos privilegia com o tempo das pessoas que convivem conosco. Precisamos valorizar esta dádiva. É onde damos os passos iniciais para o trabalho em parceria. Dividimos experiências e nos aconselhamos mutuamente. Devemos investir aí a maior parcela de tempo que nos for possível. Envolvendo-nos de mente e alma nos laços da família. É local ideal para expressamos gestos de amizade, ações de brandura e atitudes humildes. O que aprendermos daí é o que levaremos para a vida, lá fora.

Um amigo quando nos visita está nos honrando não apenas com a sua presença, mas também nos presenteando com seu maior patrimônio – seu precioso tempo! Devemos lhe retribuir esta honra, no mínimo, com hospitalidade e gentileza. Se formos pessoas gentis interromperemos o que estivermos fazendo e lhe dedicaremos toda atenção. Se assim somos com os amigos, como deveremos ser com os nossos familiares?

Deus nos tem colocado em família para que Ele esteja entre nós. Sobretudo se formos todos cristãos. Quando dois ou mais estivermos reunidos em seu nome, o Senhor estará conosco. É possível se pensar que Jesus só está presente nos momentos solenes, todavia ao nos ajuntarmos para um tempo de lazer em família Jesus também estará presente. Quando consolamos um irmão ou parente que esteja passando por momentos difíceis, Jesus também estará ali.

Sejamos simples, busquemos o vínculo da paz em nosso lar. Participemos da comunhão à mesa, do partir do pão e das refeições. Busquemos desenvolver atividades juntos para entendermos melhor o caráter um do outro. Deixemo-nos aconselhar. Sejamos humildes, pois até uma criança tem sugestões e coisas a contribuir encontrando os seus espaços dentro da família. Permita que elas sejam ouvidas.

Sabe aqueles momentos em que você se põe a escrever e tudo começa a fluir, estando completamente mergulhado no trabalho e curtindo a tarefa feliz da vida; aí seu filho pede que o leve junto com os primos a uma cachoeira das circunvizinhanças; ou então sua mulher o convida a fazer alguma atividade caseira que se dependesse de você faria em outra hora. Estas ocasiões fazem-nos perceber a forma como priorizamos o tempo e a quantos graus anda nosso humor. Estes instantes são de renúncia para a alma e abdicação de nossas vontades. Nos pequenos gestos é que o nosso egoísmo perde a sua força. Algumas vezes pude experimentar circunstâncias dessa natureza enquanto escrevia este texto.

Abrir mão de nossa vontade é uma atitude nobre e no mínimo interessante. Você vence perdendo a causa. Foi bom poder dizer tudo bem, eu vou! Desligar o micro e irmos juntos manhã inteira tomar banho na cachoeira. Estava ali não somente de corpo presente, mas com inteireza de mente e alma. Nadamos juntos, brincamos de pegar peixinhos com a toalha, divertimo-nos a valer. Quão ricos foram para nós aqueles momentos em família. O melhor de tudo é que a um só tempo me diverti e servi com um coração manso e humilde. Amizades se constroem com pequenos gestos de doação e renúncia.

A igreja primitiva é modelo de trabalho em unidade e relacionamento harmonioso que dá frutos. É exemplo de serviço em equipe. Tudo quanto conheciam correspondia com as ações que praticavam diariamente. Deus nos coloca a conviver em família para aprendermos governar bem nossos lares e, a partir disto, trilharmos o caminho do serviço junto à igreja. Esta escola começa em nossos lares.

10 – O Elo da Unidade ao Nível de Grupo Caseiro.

Parece-nos que se sentir útil e fazer parte de um grupo social é necessidade nata do ser humano. Veja que um dos castigos mais duros que se inflige ao homem é o de privá-lo da convivência com outras pessoas. O homem precisa se sentir aceito e amado como ele é. Dessa forma, abre-se espaço oportuno ao cristão para servirem e testemunharem acerca das boas novas do reino. O serviço que uma família cristã pode prestar ao mundo é algo inestimável. A vocação de cada família é a de ser benção para toda terra.

Famílias cristãs devem se encontrar e reunir em grupos durante a semana a fim de que façam diferença onde elas residem. Ajuntamento desse tipo disponibiliza espaço para aproximação de parentes e vizinhos que não conhecem a convivência cristã e a vida com Jesus. O trabalho em unidade leva-nos a avocar responsabilidades, com o objetivo de evitar cargas desiguais entre juntas e ligamentos, o que aumenta nossa responsabilidade pelo testemunho que iremos dar ao mundo.

Exercite-se na prática de atitudes brandas e mansas. Seja em casa, seja no trabalho, seja no lazer. Honre pessoas com seu tempo e as visite. Ore com enfermos e divida com eles o evangelho do reino. Fale das boas novas a seus parentes e vizinhos. Não perca oportunidade de servir. Passeie pela casa e arrume o que estiver fora de lugar, lave o que estiver sujo e, com certeza, aliviará o fardo de alguém. Deixe-se moldar com o caráter manso e humilde do Senhor Jesus.

Devemos nos interessar pelas vidas das pessoas que convivem conosco e ajudá-las a chegar mais perto de Deus. O Senhor nos coloca em família para termos o caráter de Jesus lapidado em nós, a fim de que trabalhemos juntos e aprendamos a funcionar em equipe. À medida que formos amadurecendo com a prática da humildade estaremos nos habilitando a dividir cargas e tarefas junto à igreja.

Não há como se falar de trabalho cristão em parceria sem tecermos rápido comentário acerca do jugo. Jugo não é dom, mas encargo designado pelo Senhor. O jugo que aqui se menciona guarda semelhança com o jugo que se coloca na nuca dos animais de tração, devendo estes animais pertencerem à mesma espécie, ainda que com características diferentes, para juntos realizarem uma determinada tarefa.

O Antigo Testamento proíbe o jugo desigual, por considerar isto abominação. Não se coloca boi para arar junto com cavalo, é coisa condenável. Estes animais são de naturezas diferentes. Não se exige vida cristã de pessoa que não tem o Espírito Santo. O Trabalho em Cristo será muito mais rico quando a tarefa for realizada por pessoas com qualidades diferentes, mas só funciona se o coração tiver uma mesma natureza – mansidão e humildade. Famílias cristãs talhadas com este perfil estarão habilitadas a se tornarem verdadeiras embaixadas de Jesus Cristo aqui na terra, expressando a santidade de um povo que habitará em breve a Jerusalém celestial.

11 – O Elo de Unidade ao Nível de Congregação.

Neste exato momento em que fazemos a leitura deste texto, infinidades de congregações espalhadas pelo mundo anunciam que há um só Senhor no céu e na terra – a saber, Jesus Cristo. Deus separou para si uma raça eleita, de sacerdotes reais, que fazem parte da nação santa e de povo de sua propriedade exclusiva, para que testemunhem aos homens acerca de Jesus e busquem crescer no pleno conhecimento do caráter de Cristo.

Não importa se fazemos parte desta ou daquela congregação, ou que existam infinidades de denominações. A verdade é temos enorme tarefa conjunta a realizar e responsabilidade sem igual diante de Deus e dos homens, no sentido de sermos um só no Senhor e andarmos juntos. Deus tem conclamado homens que na singeleza de seus corações testemunhem a qualquer pecador que é possível ter a vida radicalmente transformada por Jesus.

A nossa vocação é a de sermos reconciliadores dos homens com Deus. Aos desanimados despertemo-lhes o ânimo, aos trôpegos encorajemo-os a seguirem em frente e àqueles que houverem se desviado do caminho, chamemo-os ao arrependimento e à comunhão. Aproveitemos as oportunidades e sejamos simples. Criemos ocasiões oportunas e coloquemos em prática nossas habilidades e dons, para presentear pessoas próximas com os frutos de nossas mãos e aos poucos nossos relacionamentos florescerão e nos deleitaremos com eles.

Muito nos esforçamos para alcançar pessoas que não conhecem Jesus. O que é perfeitamente certo, porém não nos esqueçamos dos filhos do reino. Às vezes agimos como pescadores a lançarem redes rasgadas ao mar, as enchem e não se importam com peixes preciosos que se perdem pelos rasgos. Amemo-nos mais uns aos outros. Esta tarefa só se realiza com humildade de espírito e mansidão de coração. Jesus nos aconselhou que deixássemos em lugar seguro as noventa e nove ovelhas e fossemos atrás da perdida. Assim devemos agir.

É hora de nos cingirmos com a toalha e lavarmos os pés uns dos outros. Jesus falou que se não fizéssemos isto não teríamos parte com Ele. Lavar os pés é atitude de humildade e algo a ser feito com espírito voluntário. Não há oportunidade melhor para expressarmos o caráter de Cristo do que nos relacionarmos fraternalmente com as pessoas. Mas, só faremos isto se tivermos um coração manso e humilde.

12 – O Elo da Unidade com o Corpo de Cristo.

A Santa Ceia é o símbolo do elo que nos une a Cristo. Na última ceia que Jesus tomou com os discípulos Ele já sabia que era momento de despedida. Instantes últimos de intensa emoção em companhia dos apóstolos. Com a alma transbordando eles comemoravam naquela hora solenidade única. Talvez olhasse Jesus cada um deles e recordasse ocasiões difíceis quando sofreram ou se emocionaram um ao lado do outro. Quem sabe lhe tenha vindo à memória tempos de brincadeiras e acontecimentos onde tenham se alegrado e se divertido juntos.

A comunhão partilhada naquele momento possivelmente trouxe-lhe inspiração para comparar o pão com o seu corpo e o vinho com o seu sangue. Veja a riqueza da analogia. Pão é alimento que ao ser consumido passa a fazer parte de cada célula do corpo. Sangue é vida que, por meio dos vasos sanguíneos, irriga o corpo levando oxigênio a cada uma das células para que elas respirem e vivam.

O alimento ao ser despedaçado pela ação dos dentes é dilacerado e se transforma em vida para aquele que o consome. O Senhor não se poupou e também não economizou forças em sua tarefa de salvar o mundo, deixando-se consumir fisicamente para que o seu ensino se tornasse vida em nós. Sua vida foi consumida até à morte. Assim, instituiu-se a Ceia, a fim de se manter viva em nossa memória a maneira humilde e mansa como Cristo viveu no mundo. Por isso, devemos celebrar este momento da Santa Ceia com júbilo até que Ele venha novamente em glória.

Jesus aconselhou que nos acautelássemos do fermento dos fariseus o qual pode levedar toda a massa. A massa do pão recebe em si o fermento para se tornar pão, assim como a carne recebe em si o pecado. A carne é formada do pó da terra, pois somos pó e ao pó tornaremos. Em conseqüência do orgulho e da soberba de Satanás de querer ser igual a Deus, ele recebeu a maldição de se alimentar do pó da terra, agora o seu prazer está em perverter o homem por meio da fraqueza de sua carne. Da mesma maneira como o fermento impregna o pão, também o pecado está na nossa carne. Satanás sabe trabalhar com maestria os prazeres da carne a fim de nos desviar da doutrina do Senhor, como conseguiu desviar os fariseus, levando-os a uma vida de hipocrisia. Eis o porquê de Jesus haver se preocupado tanto com o fermento dos fariseus.

O ensino de Jesus inundou o nosso coração. Seu corpo foi entregue na cruz para nos reconciliar com Deus. Seu sangue foi vertido para que fôssemos lavados de todo o pecado. Jesus entregou aos cristãos a missão de testemunhar acerca da nova aliança, que é feita no seu sangue. Testemunho este que nem a anjos se permitiu compartilhar. O mundo depende da qualidade do testemunho que iremos deixar, e da decisão de colocarmos em prática os ensinos de Cristo com toda humildade e mansidão. Desejo que sejamos frascos que exalem o bom perfume de Cristo, fazendo com que o Senhor se mantenha vivo na memória das pessoas por intermédio de nossas ações e que com isto glorifiquem o nome de Deus Pai que está nos céus.

13 – Conclusão.

Concluindo, queremos animar os irmãos a dignificarem com seu testemunho o nome do Senhor Jesus. E, examinando-se a si, coma do pão e beba do vinho. A Santa Ceia é celebrada para anunciar a morte de Jesus na cruz até que Ele venha. E a sua morte foi, é e será eficaz para transformar de modo milagroso a natureza pecaminosa do homem, levando-o a caminhar na direção da plenitude do caráter humilde e manso de Cristo.

Honre o nome do Senhor Jesus com a sua vida e seja benção para todas as pessoas com as quais se relacione no dia a dia. Arrazoe, com singeleza de coração, a maneira como têm cooperado para que a noiva cresça de forma harmoniosa e sadia, porque aqueles que com Cristo não ajuntam, espalham. Deus nos dê a graça e a sabedoria para sermos um só em Cristo.

Edison Carmo das Graças Souza
Brasília (DF), 07/12/2006.
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