UM SONHO A DOIS
Fez-se esta noite, do mais puro amor,
Um verdadeiro e esplêndido cenário,
Como se houvera um toque imaginário,
D’algo sublime, a nos renovar o ardor.
Seguiu-se, então, um silêncio prolongado,
Em que somente o som da chuva se ouvia,
Qual executasse a mais perfeita sinfonia,
Composta a dois, em tom emocionado.
E tudo foi como se, em um só, se fundissem,
Nossos corpos e almas, isolados do mundo,
A retratar, da paixão, o sentimento profundo,
Como fossem flores, e não olhos, que se abrissem.
E, então, deu-se o momento que a relembrar me ponho,
A revelar o que um milhão de palavras não poderiam:
Que, em tempo algum e em nenhum lugar se encontrariam,
Almas assim, a partilhar, depois do amor, o mesmo sonho.
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