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Poesias-->PAÍS INCONCLUSO -- 17/10/2004 - 10:54 (ANTONIO MIRANDA) |
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PAÍS INCONCLUSO
Poema de Antonio Miranda*
“Já desisto de lavrar
este país inconcluso
de rios informulados
e geografia perplexa.”
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
I
Eu, nem tanto.
É uma lavra complexa
em terras sediciosas
e arbitrárias.
No entanto,
sedutoras.
Capitanias hereditárias
(promissoras!)
atávicas, refratárias
à transformação
senão pela ação
contestatária.
Que assim seja!
Pela lavra reflexa
da palavra incidente
sobre o país obtuso
e demente.
Com bisturis e acicate
na visão de gabinete
em versos brancos
verdes e amarelos.
Haja ira e ironia!
II
Brasil que o poeta
percebe envergonhado
de paletó e gravata
numa leitura de enfado.
Uma geografia perplexa
de estados maiores
e províncias menores
numa política
de supremacias
e inferioridades
sob o disfarce
federativo.
Depois da Guerra, alçado
aos seus questionamentos.
Depois de Getúlio Vargas
e antes do mesmo Getúlio.
Claros enigmas, eleições:
pretensas mudanças
informuladas, atadas
a estruturas pensas
a conchavos subterrâneos
a acordos de aparência
sujeitos às fraturas
de qualquer dissidência.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Rosa do Povo, cancerosa
em que o poeta
protesta mas desanima
assina o livro-de-ponto
depois
aperta o detonador
do poema
e desperta
as consciências
na penumbra surda
das massas, no aconchego
das musas.
• O poema faz parte do livro Terra Brasilis, um livro-poema-ensaio ainda em fase de produção.
• Outros poemas de Antonio Miranda estão na página: www.antoniomiranda.com.br
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