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Teses_Monologos-->Resumo - Formação da Língua Portuguesa -- 13/12/2002 - 02:04 (Isabela Fani Dias) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FORMAÇÃO DO PORTUGUÊS


A formação da língua portuguesa conta com um elemento decisivo: o domínio romano, que reduziu a um denominador comum as várias culturas existentes na Península Ibérica.
O latim, língua falada pelos conquistadores, dominou quase toda a região. Podemos reconhecer duas modalidades de latim: o latim clássico, gramaticalizado, usado pelas pessoas cultas, que era falado e escrito; e o latim vulgar, usado pelo povo, que era apenas falado. A língua falada nas regiões romanizadas era o latim vulgar e dele se originou a língua portuguesa.


Fases históricas do português

· Fase proto-histórica

Estende-se do final do século IX até o século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade do latim usada apenas em documentos e por isso também chamada de latim tabeliônico ou dos tabeliães). Dessa fase, os mais antigos documentos são um título de doação, datado de 874, e um título de venda, de 883.

· Fase do português arcaico

Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:

· do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
· do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.

· Fase do português moderno

A partir do século XVI, quando a língua portuguesa se uniformiza e adquire as características do português atual. A rica literatura renascentista portuguesa, notadamente a produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. As primeiras gramáticas e os primeiros dicionários da língua portuguesa também datam do século XVI.

A formação da língua portuguesa conta com um elemento decisivo: o domínio romano, que reduziu a um denominador comum as várias culturas existentes na Península Ibérica.
O latim, língua falada pelos conquistadores, dominou quase toda a região. Podemos reconhecer duas modalidades de latim: o latim clássico, gramaticalizado, usado pelas pessoas cultas, que era falado e escrito; e o latim vulgar, usado pelo povo, que era apenas falado. A língua falada nas regiões romanizadas era o latim vulgar e dele se originou a língua portuguesa.

FATOS HISTÓRICOS


· A Romanização da Península Ibérica

Os romanos desembarcaram na Península no ano 218 a.C. A sua chegada constitui um dos episódios da Segunda Guerra Púnica. Todos os povos da Península, com exceção dos bascos, adotam o latim como língua e, mais tarde, todos abraçaram o cristianismo.
A península é inicialmente dividida em duas províncias, A Hispania Citerior (a região nordeste) e a Hispania Ulterior (a região sudoeste). Augusto divide a Hispania Ulterior em duas provincias : a Lusitania, ao norte do Guadiana, e a Bética, ao sul. Posteriormente, entre 7a.C. e 2 a.C., a parte da Lusitânia situada ao norte do Douro, é anexada à província terraconense (a antiga Hispania Citerior).
Cada província subdividi-se num determinado número de circunscrições judiciárias, chamadas conventus. O atual território da Galícia espanhola e de Portugal corresponde, aproximadamente, a quatro desses conventus – os de Lucus Augustus (Lugo), de Bracara (Braga), de Scalabis (Santarém) e de Pax Augusta (Beja).
Nestes territórios, a Romanização fez-se de maneira mais rápida e completa no Sul do que no Norte.


· Os suevos e os visigodos

Em 409, invasores germânicos – vândalos, suevos e alanos – afluem ao sul dos Pirineus, seguidos, mais tarde, pelos visigodos. Assim começa um dos períodos mais obscuros da história peninsular, que terminará em 711, com a invasão mulçumana. Os alanos foram rapidamente aniquilados. Os vândalos passaram para a África do Norte. Os suevos, em compensação, conseguiram implantar-se e, por muito tempo, resistiram aos visigodos, que tentavam reunificar a Península a seu favor. Mas em 585, esse território foi conquistado pelos visigodos e incorporado ao seu Estado. No que diz respeito à língua e à cultura, a contribuição dos suevos e dos visigodos foi mínima. Tiveram um papel particularmente negativo: com eles a unidade romana rompe-se. Se o latim escrito se mantém como a única língua de cultura, o latim falado evolui rapidamente e diversifica-se.


· A invasão muçulmana e a Reconquista

A influência árabe foi marcante em todo o sul da Península Ibérica. A invasão muçulmana e a Reconquista são acontecimentos determinantes na formação das 3 línguas peninsulares: Catalão (língua de cultura da região da Catalunha, a nordeste da Espanha), o Castelhano (da região de Castela, onde se situa Madri) e o galego-português. Estas línguas nasceram no Norte e foram levadas para o Sul pela Reconquista.
Um fato interessante, é que os árabes não impuseram a sua língua; limitando-se a contribuir com o acréscimo de palavras ao vocabulário dos falares dos povos dominados, com isso, não interferiram na estrutura românica desses falares.


· O galego-português

O galego-português era um falar geograficamente limitado à faixa ocidental da Península, que corresponde aos atuais territórios da Galiza e do norte de Portugal. Cronologicamente, esse dialeto restringiu-se ao período compreendido entre os séculos XII e XIV, coincidindo com a época das lutas da Reconquista. Em meados do século XIV houve uma maior influência dos falares do sul, notadamente da região de Lisboa, aumentando assim as diferenças entre o galego e o português.


O GALEGO - PORTUGUÊS ( DE 1200 A APROXIMADAMENTE 1350 )

Acreditou-se durante largo tempo que os antigos textos em galego-português datavam dos últimos anos do século XII que não foi exatamente nessa época, mas no começo do século XII que esses textos apareceram.


· Os fatos históricos

Nesse tempo, o reino autônomo de Portugal já existia e a parte meridional do seu território estava quase inteiramente “reconquistada “ . Portugal constituiu-se no século XII, quando Afonso I ( Afonso Henriques ), filho do conde Henrique de Borgonha, se tornou independente do seu rimo Afonso VII, rei de Castela e de Leão.
Separando-se de Leão para se tornar reino independente, Portugal separava-se também da Galícia, que não mais deixaria de ficar anexada ao país vizinho – reino de Leão, reino de Castela e , finalmente, reino de Espanha. A fronteira, que no século XII isolou a Galícia de Portugal, estava destinada a ser definitiva.
Ao mesmo tempo que se separava ao norte da Galícia, o novo reino independente de Portugal estendia-se para o sul, anexando as regiões reconquistadas aos “ mouros “ . Com tomada de Faro ( 1249 ) , o território nacional atingiu os limites que, com algumas pequenas modificações, correspondem às fronteiras de hoje.
Isolada a Galícia, mas acrescido das terras meridionais reconquistadas, Portugal vê o seu centro de gravidade transferir-se do Norte para o Sul. A residência principal do primeiro rei era Guimarães, no extremo norte. Os seus sucessores começaram a freqüentar de preferência Coimbra. E, finalmente, Afonso III , em 1255, instala-se em Lisboa, que não mais deixaria de ser a capital do país. Durante todo esse período a língua galego-portuguesa, nascida no Norte, vai-se espalhar pelas regiões meridionais.
Tal como o castelhano, o português originou-se de uma língua nascida no Norte ( o galego-português medieval ) que foi levada ao Sul pela Reconquista. Quanto à norma, porém, o português moderno diverge do castelhano, pois vai busca-la não no Norte, mas sim na região centro-sul, onde se localiza Lisboa. O falar da faixa ocidental da Hispânia sempre se distinguiu do falar ou falares de outras regiões.
Não é desarrazoado afirmar que o tratamento diferente que teve o latim nessa região, ao menos quanto à parte setentrional e central, se justifica, por ter sido o território ocupado pelos celtas e suevos, e haver constituído um feudo, que mais tarde se tornou independente.
Do romance aí falado, veio a constituir-se, ao norte, o dialeto galeziano ou galaico-português ; ao sul, provavelmente outro, inçado de palavras árabes, do qual nenhum documento possuímos, a não ser escassas indicações geográficas.
Com as conquistas , o galeziano estendeu-se progressivamente sobre a parte meridional, absorvendo o romance que aí existia, ou identificando-se com ele, e penetrou no Algarve, no reinado de Afonso III ( 1250 ) .
Dada a independência política de Portugal, deveria necessariamente resultar, o que de feito resultou- a diferenciação entre o português e o galego .
A princípio pequena , foi-se acentuando no correr do tempo , até que o português se tornou idioma completamente autônomo do galego .
A criação dos Estudos Gerais ou Universidades, em 1290, contribuiu poderosamente para que, de par com as ciências, se desenvolvessem também as letras.
Leite de Vasconcelos divide a história da língua portuguesa em três grandes épocas :pré-histórica, proto- histórica e histórica .
A pré-histórica começa com as origens da língua e se prolonga até o séc. IX, em que surgem os primeiros documentos latino-portugueses. É reduzido o material lingüístico desta época, constante de escassas inscrições. Só por conjetura é que se pode formar uma idéia do romance então falado.
A proto-histórica estende-se do séc. IX ao XII. Os textos , então, que aparecem são todos redigidos em latim bárbaro. Neles, porém, de quando em quando, se encontram palavras portuguesas, o que prova à evidência que o dialeto galaico-português já existia nesse tempo.
A história inicia-se no século XII , em que os textos ou documentos aparecem inteiramente redigidos em português. Anteriormente, a língua era apenas falada.
A época histórica comporta uma divisão em duas fases : a arcaica ( do séc. XII ao XVI ) e a moderna ( do séc. XVI para cá ).


· Os textos


v A poesia lírica


O galego-português é a língua da primitiva poesia lírica peninsular, que foi conservada fundamentalmente em três compilações, das quais só uma foi organizada ao tempo dos trovadores : O Cancioneiro da Ajuda, é ele o menos rico quanto ao número de textos conservados, largamente superado no particular pelo Cancioneiro da Vaticana e , principalmente, pelo Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa. Estes cancioneiros contém três categorias de poesias : 1 ) as cantigas d`amigo ( poemas de amor, por vezes com traços populares, em que a fala é feminina ); 2 ) cantigas d`amor ( poemas mais eruditos, de freqüente inspiração provençal, nos quais é o homem que fala ) ; 3 ) cantigas d`escarnho e mal dizer ( poemas satíricos, por vezes grosseiros ). Os textos mais antigos são do início do século XIII, mas essa literatura vai buscar as suas origens a um passado mais distante, à poesia dos trovadores provençais para as cantigas d`amor , ou, para as “cantigas de mulher “, que são as cantigas d `amigo, à tradição atestada pelas muwassahas dos séc.XI e XII, poemas em hebraico ou em árabe nos quais aparecem versos no romanço moçarábico.
Estas compilações, às quais se devem acrescentar as Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio ( 1221-1284 ) , rei de Castela e de Leão a partir de 1252, são escritas numa língua complexa, que tem por base os falares da Galícia e do Norte de Portugal. Nela se documentam arcaísmos, a atestarem que, para o seu público, esta literatura tinha um passado.
O galego-português, em suma, aparece nessa época como a língua exclusiva da poesia lírica, e quem quer que a quisesse praticar deveria, obrigatoriamente , adota-la. A assinatura de Afonso X, junta-se assim, nos Cancioneiros, à D. Dinis de Portugal, rei de 1279 a 1325. Toda essa explosão lírica termina, porém, em meados do séc. XIV, tendo sido D. Pedro , conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis, um dos últimos trovadores.


v Documentos oficiais e particulares


A partir de inícios do séc. XII surgem documentos inteiramente escritos em “língua vulgar “ – testamentos, títulos de venda, etc. Um dos textos mais antigos deste genro é o testamento de Afonso II, datado de 1214. D. Dinis dará grande impulso à utilização da “língua vulgar” ao torna-la obrigatória nos documentos oficiais. A língua desses textos, principalmente daqueles anteriores a 1350, é mais espontânea e diversificada que a dos Cancioneiros .


v Os Inícios da prosa literária


Em fins do período ( 1200 – 1350 ) surgem as primeiras obras em prosa literária, merecendo menção particular O Livro de Linhagens de D. Pedro, conde de Barcelos ( morto em 1354 ), e a Crônica Geral de Espanha de 1344, que é em grande parte a versão portuguesa da Primeira Crônica General de España , redigida por ordem de Afonso X, o Sábio .





· A grafia


É na segunda metade do séc. XIII que se estabelecem certas tradições gráficas. O testamento de Afonso II ( 1214 ) já utiliza ch para a africada { ts } – ex.: Sancho, chus - , consoante diferente do { s }, ao qual se aplica a grafia x. este ch, de origem francesa, já era usado em Castela com o mesmo valor. Para “n palatal “ e “l palatal “, é somente após 1250 que começam a ser usadas as grafias de origem provençal nh e lh ; ex.: gaanhar, velha .
Apesar das suas imprecisões e incoerências, a grafia do galego-português medieval aparece como mais regular e ” fonética “ do que aquela que prevalecerá em português alguns séculos mais tarde .


· Vocabulário


v Empréstimos do francês e do provençal


A influência da língua d `oil e da língua d `oc é muito forte durante o período do galego-português , e explica-se por uma série de causas convergentes : presença da dinastia de Borgonha , chegada a Portugal de numerosos franceses do Norte e do Sul, influência direta da literatura provençal, etc. Daí os numerosos empréstimos vocabulares, de que damos alguns exemplos:

A ) Empréstimos do Francês - Dama ( < dame ), daian

B) Empréstimos do Provençal – Assaz ( < assatz ), alegre, majar, rouxinol ( < rossinhol ),


v Palavras eruditas e semi-eruditas


Entre as palavras “semi – eruditas “ , podemos incluir mundo, virgem, clérigo e a sua variante crérigo, diaboo, escola, pensar. Outras são mais recentes, por exemplo os adjetivos em –ico ( cf. plobico, ou seja “público “, num documento de 1303 ). Para dar uma idéia da complexidade e da abundância destes empréstimos, alguns colhidos ao folhear o glossário das Cantigas d `Escarnho e Mal Dizer na edição de Rodrigues Lapa ( ed. Galáxia, 1965 ). Encontram-se aí alegoria ( no sentido de “ciência arte “), animalha ( animal irracional ), bautiçar ( baptizar ), benefício, calendairo ( hoje calendário ), câncer, ciença ( “ciência “), confessar, confirmar, defeso, defesa, natura, natural, ofício, etc.



· PORTUGUÊS EUROPEU ( DO SÉC. XIV AOS NOSSOS DIAS )

Por volta de 1350, no momento em que se extingue a escola literária galego-portuguesa, as conseqüências do deslocamento para o Sul do Centro de gravidade do reino independente de Portugal vêm à tona. O português, já separado do galego por uma fronteira política, torna-se a língua de um país cuja capital é Lisboa. É nesta parte do reino que estão implantadas as instituições que desempenham papel cultural mais importante, tais como os Mosteiros de Alcobaça e o de Sta. Cruz de Coimbra em + ou - 1288. Residência privilegiada do rei, Lisboa é também a cidade mais povoada e o primeiro porto do país. E o eixo Lisboa – Coimbra passa a formar desde então o centro do domínio da língua portuguesa. É a partir dessa região, antes moçárabe , que o português moderno vai constituir-se, longe da Galíca e das províncias setentrionais em que deitava raízes. É daí que partirão as inovações destinadas a permanecer, é aí onde se situará a norma.


· PROBLEMAS DE PERIODICIDADE

Alguns estudiosos distinguem na evolução do português dois grandes períodos: o “arcaico “, que vai até Camões ( séc. XVI ) e o “moderno “ que começa com ele. Outros baseiam a sua periodização nas divisões tradicionais da história - Idade Média, Renascimento, Tempos Modernos - , ou nas “escolas “literárias, ou simplesmente nos séculos...


· OS DESCOBRIMENTOS E A EXPANSÃO ULTRAMARINA


No séc. XIV, os portugueses descobrem os arquivos pélagos da Madeira e dos Açores, que começam a povoar em princípios do séc. seguinte. Em 1415, tomam Ceuta. Em 1488, Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança. Em 1498, Vasco da Gama chega à Índia. Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil. Depois , os portugueses prosseguem até Malaca, às ilhas de Sonda, às Molucas, à China e ao Japão. A língua transportada assim ao ultramar, vai – se expandir por vastos territórios. Política e administrativamente , nada resta hoje do antigo Império. A língua porém, essa permaneceu no Brasil e em diferentes países da África e da Ásia .


· HISTÓRIA CULTURAL E LITERÁRIA


No que se refere ao vocabulário e à sintaxe, a evolução do português reflete os grandes períodos que se podem distinguir na história cultural e literária : o desenvolvimento da prosa literária nos sécs. XIV e XV, o Renascimento, o italianismo, o humanismo, a censura inquisitorial, a Contra-n Reforma e o controle da educação pelos jesuítas, a reação neoclássica e a Arcádia, o liberalismo e o romantismo, o realismo e o naturalismo, etc.


· AS INFLUÊNCIAS ESTRANGEIRAS


Devemos Ressaltar :

A ) O bilingüismo luso-espanhol

Entre meados do séc. XV e fins do séc.XVII o espanhol serviu como segunda língua para todos os portugueses cultos. Os casamentos de soberanos portugueses com princesas espanholas tiveram como efeito uma certa “castelhanização “da corte . Os 60 anos de dominação espanhola acentuaram esta impregnação lingüística. É somente depois de 1640, com a Restauração e a subida ao trono de D. João IV, que se produz uma certa reação antiespanhola. O bilingüismo , todavia, perdura até o desaparecimento dos últimos representantes da geração formada antes de 1640.
A maioria dos escritores portugueses escreve também em espanhol, por exemplo: Gil Vicente, Sá de Miranda, Luis de Camões, Francisco Manuel de Melo...


B ) A influência francesa


A partir do séc. XVIII o espanhol deixa de desempenhar o papel de segunda língua de cultura, que passa então a ser exercido pelo francês. É nos livros franceses que os portugueses vão buscar boa parte de sua cultura, e é por intermediário dele que entram a maioria das vezes em contato com o mundo exterior.


· OS GRAMÁTICOS, LEXICÓGRAFOS E FILÓLOGOS

A gramática nasce em Portugal da cultura humanista, cabendo o pioneirismo do seu ensino a Fernão de Oliveira, autor de uma Grammatica da Lingoagem Portuguesa ( 1536 ). A esta segue-se a Grammatica da Língua Portuguesa ( 1539 -1540 ), de João de Barros. E desde então até o séc. XIX vai aparecer um número considerável de gramáticas normativas e de tratados de ortografia.
Essas obras fornecem-nos de vez em quando informações preciosas sobre a história da língua. Quanto à lexicografia portuguesa, ela também é filha do humanismo. O primeiro lexicógrafo, Jerônimo Cardoso, redige diversos dicionários de português-latim e latim-português ( 1551, 1562, 1562-1563, 1569-1570 ). Surge mais tarde o dicionário de português-latim de Agostinho Barbosa ( 1611 ), os dicionários de Bento Pereira ( latim – português em 1634, português – latim em 1647 ), o Vocabulário Portuguez e Latino de D. Rafael Bluteau ( 8 volumes, de 1712 a 1721, e 2 volumes de suplemento, de 1727 – 1728 ), e finalmente, o Dicionário da Língua Portuguesa de Antônio de Morais Silva ( 1789 ), várias vezes reeditado e aumentado e que pode ser considerado o antepassado de todos os dicionários modernos da língua.
No que se refere à filologia científica, ela foi introduzida em Portugal na segunda metade do séc. XIX por Francisco Adolfo Coelho ( 1847 - 1909 ). Entre outros houve também : Aniceto dos Reis Gonçalves Viana ( 1840 – 1914 ), fundador da fonética portuguesa, Carolina Michaelis de Vasconcelos ( 1858 – 1914 ).


· Separação do galego

O galego começa a isolar-se do português desde o séc.XIV, com obras em prosa de que a Crônica Troiana é um dos melhores exemplos. Entre 1350 e 1450 houve na Galícia uma segunda floração lírica, da qual os portugueses não participaram. Mas a partir do séc. XVI o galego deixa de ser cultivado como língua literária e só sobrevivendo uso oral. Sofre, além disso, uma série de evoluções fonéticas que vão afastá-lo cada vez mais do português, como por exemplo:

a) ensudercimento das fricativas –z, - s e – j ( cozer- coser, já ), que se confundem com –ç, -ss e –x;

b) pronúncia interdental do antigo ç , transformação, em toda parte ocidental da Galícia, de g oclusivo em uma fricativa velar surda idêntica ao jota do espanhol contemporâneo ( um fenômeno chamado geada ).

Ao mesmo tempo, acentuam-se no interior do galego algumas diferenças dialetais, e o vocabulário é invadido de hispanismos. Nos sécs. XIX e XX, vai haver um Renascimento galego, e escritores e filólogos esforçar-se-ão por elaborar uma língua unificada. Mas , pela sua fonética, pela sua morfologia, pelo seu vocabulário, pela sua sintaxe, e mesmo pela sua ortografia, este galego moderno é já uma língua diferente do português – diferente, contudo suficientemente próxima para que, em condições favoráveis, a intercompreensão ainda seja possível .
Desde o séc.XVI o galego é sentido, ao mesmo tempo, como arcaico e provincial. A personagem do galego constitui até ao séc. XIX uma das figuras tradicionais do teatro popular : trata-se do galego de Lisboa, que exercia as profissões de carregador e de aguadeiro. Caracteriza-se ela linguagem, cujas particularidades acentuam, até a caricatura, alguns traços próprios dos falares portugueses do extremo norte. E assim é que o galego, que nas origens da língua tanto contribuiu ara definir a norma literária, veio a encontrar-se no pólo oposto desta mesma norma. A rusticidade da Galícia opõe-se agora, à urbanidade de Lisboa .






· O TERRITÓRIO DO PORTUGUÊS EUROPEU


Amputado do galego, o português chegou a ocupar um território que corresponde, aproximadamente, ao território nacional de Portugal continental. Os raros pontos onde a fronteira lingüística não recobre a fronteira política são os seguintes : ao norte, em Ermisende ( província de Zamora ), fala-se uma variedade de português. A leste do distrito de Bragança, do lado português da fronteira , em Riodonor, Guadramil, Miranda e Sendim, fala-se uma variedade de leonês.mais ao sul, do lado espanhol , o português é falado em Alamedilla, em Eljas, em Valverde Del Fresno e em San Martín de Trevejo ( dialeto oriundo do galego ), em Herrera de Alcântara e em Olivença. Trata-se aqui de sobrevivência dialetais que não impedem a di fusão das línguas nacionais, o espanhol de um dos lados da fronteira e o português do outro. Também os arquipélagos da Madeira e dos Açores pertencem à área européia da língua.
Como se vê, o português é uma língua nacional praticamente “perfeita “. Ocupa, além disso, uma área que se manteve estável desde a origem. Portugal é um país que ignora os problemas criados, em outras regiões, pela existência de minorias lingüísticas .


Resumo - Formação da Língua Portuguesa
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