POEMA DE PRIMAVERA
para AURELI
Os olhos, os olhos dela
No rosto redondo, nela
Quando miram vinte anos
A vida vaga singela.
E o corpo, no corpo dela
Move-se que nem gaivota
Leve, ágil qual gazela
Tal que o tempo se amarrota.
Isso sem dizer da inveja
Que a brisa-pluma se queixa
Por não ter sua leveza
Seu tom de pele e madeixa.
E em vão toda a natureza
Promove uma conspiração
Ao cobiçar a beleza
Que vem do seu coração.
O espaço também fraqueja
Faz corpo mole também
Se estreita, foge, pragueja
Querendo ser mais além.
Mas são vinte anos somente
Por que tanto burburinho
Se a primavera promete
Mais outubros de mansinho.
Ah, menina Aureli, quem dera
Sentir o mesmo prazer
Que a juventude libera
A cada vão do viver.
Viço, vigor, tudo em cima
A um longo tempo se estique
Verso, vida, com ou sem rima
Espero se multiplique
E possa quedar contigo
Um mundo muito melhor
E de vinte em vinte anos
Viver a vida de cor.
O poeta pronto parceiro
Aporta o barco no cais,
Recolhe a vela e ligeiro
Te saúda mais e mais.
WALTER DA SILVA
16 de outubro de 2004
CAMARAGIBE PERNAMBUCO BRASIL.
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