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cronicas-->Relojoeiros Kairóticos -- 14/04/2003 - 17:52 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um relojoeiro, escondido num bairro distante e estranho de uma cidade grande. Que belo disfarce! De cronos ele entendia tudo e era muito eficaz nos consertos mecànicos, devo admitir. Nem percebi o trato que ele deu num relógio quebrado que a ele levamos para o devido reparo. Num piscar de olhos, estava consertado. Deve ter estudado muito os métodos de Descartes para chegar nesse ponto. Até porque o famoso modelo cartesiano do universo é o de um grande relógio, o qual deveria ser sempre dividido em partes para se compreender seu mecanismo todo. Mas a verdadeira especialidade do baixinho, cuja imagem mais parecia a de um anão, ia muito além do cronos. Na direção do kairós, para dizer a verdade. Ele parecia um tipo do Feliz, aquele da Branca de Neve, porém extremamente sábio e sereno. Comecei a perceber o pano de fundo. Era isso, então! As sutilezas que poucos vêem, somente aqueles que "tem olhos para ver e ouvidos para ouvir". Fora por isso mesmo que o Mestre falara em parábolas, não? Claro que ele tinha que ficar escondido, camuflado. Qual o lamurioso e petrificado clássico que o iria buscar para perguntar sobre kairós? Nenhum, claro. Exceto os loucos, aqueles que abraçam postes e árvores por aí. Sua profissão clássica era apenas um disfarce, como são as dos magos e dos aprendizes. Uma grande lição talvez fosse dirigida aos pretendentes a aprendizes: usar o conhecimento básico da ciência clássica é imperativo! Ou seja, Descartes será sempre um passo necessário. Porém jamais suficiente! Ou ainda, cronos é estágio necessário para se chegar a kairós, o verdadeiro e transcendente objetivo. Depois do conserto cartesiano, sorrateiramente ele se achegou e me perguntou sobre a minha essência, aquilo que vai por dentro de mim e que realmente vale. O que você quer da vida, disse ele. De onde você veio e para onde está indo? Com serenidade e profunda capacidade que os estudos clássicos não fornecem, me deu conselhos sábios de quem me quer ver realmente feliz. Nenhum cronos exclusivo faz esse tipo de pergunta e nem mesmo essas considerações. Muito mais que o relógio consertado, saí de lá com a certeza não clássica de que o kairós também tem sua turma, a do outro lado, bem camuflada. É muito mais sutil, claro. Exige perseverança na luta e mesmo nas dores dos partos que precedem os novos nascimentos. Mas, como uma promessa foi feita, eles aparecem. Assim foi com Fletcher que apareceu para Jonathan Gaivota, o nosso Fernão Capelo. E assim também como diz o salmo que "certa como a aurora é a tua vinda, Senhor". Afinal, quando o discípulo está pronto, o mestre aparece. Meu caro Feliz, estou feliz por estar no seu time, no seu grupo. Se você veio falar comigo, é porque fui aceito, não? Eu que tanto queria participar de um, veja só! Não é fácil viver longe do equilíbrio, pois não dá para contar com as regras vigentes, as quais pertencem ao mundo clássico e que regem os mortos-vivos. Essas regras não conhecem o sutil, o espiritual. É duro e dá para entender porque muitos desistem. Mas para quem persevera, a alegria é incomensurável. Os níveis sutis se apresentam, os efeitos dos planetas transcendentais. Não há receita geral e muito menos caminho único. O caminho é a aventura pessoal de quem busca, sempre possível e presente. Obrigado meu querido relojoeiro. Alguém aqui deste lado, com uma cumplicidade incrível e inabalável, tem me ajudado muito com orações, mentalizações e magnetizações. E...viva! Está funcionando! Não é o máximo? Na verdade, Mercúrio em sêxtil com Urano teve a ver com essa revelação, além do sêxtil de Netuno com a Lua. Não é pouca coisa! Faz sentido o que eu já vinha pensando: a escola de Descartes é necessária, mas não suficiente. É preciso dar a chance de cronos evoluir a kairós. Do clássico ao quàntico, eu diria, é uma evolução não-linear, cheia de avalanches. E aí, só mesmo aproveitando as crises da vida que não aparecem apenas para nos incomodar e destruir, como querem os clássicos conservadores. É a disponibilização da transcendência que se apresenta nelas. Mas nada impositivo. São como escolhas de realidades que se nos apresentam. Quem só conhece cronos, não dá nenhum valor a essa experiência e diz que ela faz parte do universo dos delirantes e dos viajantes na maionese. Quem tem um mágico encontro com um relojoeiro kairótico, porém, sabe o que quer e não volta mais.

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