O cego e seus ouvidos...
Ricardo Oliveira
Era um cego que gostava de caminhar...
Sua audição e pele percebia, que ele andava pela rua entre pessoas alegres que riam. Os sons e vibrações por todos os lado davam-lhe sensação de proximidade e ao esbarrar em pessoas e nas construções, sentia-se seguro.
Nascera cego... Sem escolha alguma e tampouco colocava em seus pais culpa daquele destino que aprendeu a viver. Sempre falou pouco e demorou muito mais que cinco anos para entender o que as palavras traziam em si mesmas. Mas, depois disso, diferenciava o som, o tom, a ênfase de cada expressão verbal como únicos.
Um Oi! Um Bom-dia! Tinha para ele especiais significados. Sabia quando vinha de uma criança, de um jovem... De um homem ou de uma mulher. Sabia se era amigo ou não... Coisas que à s vezes nos confunde, ele dividia, rapidamente, em sua mente. Sabia se aquele cumprimento trazia junto alegria ou tristeza.
Seu nome, Paulinho!
Um dia, fiquei em silêncio ao lado dele. E, embora estivesse a menos de meio metro dele pude sentir uma lágrima que brotava daqueles olhos fechados para a luz... Ficara triste. Sentiu-se, por uns instantes, sozinho.
Se nos tiram as imagens... Se nos mentem com as palavras... Talvez seja bom, chorar.
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