CONDICIONAL
Débora Cristina Denadai
Brasília, 7/10/2004 – 14:27
Eu sei que este poema
deveria ser para ti.
Mas as palavras,
levaste-as da minha boca
Dentro da tua.
No último beijo ao sair.
Eu sei que este poema
deveria falar do teu rosto
cuja imagem tão linda
insiste em povoar
os cantos da minha memória.
Ainda, ainda e ainda.
Eu sei que este poema
deveria lembrar o teu gosto.
Mas o teu gosto não tem nome,
não tem palavras
e está tão grudado no meu,
que quando o penso,
ele some.
E eu permaneço aqui.
Com fome, muita fome.
Eu sei que este poema
deveria falar das tuas mãos.
Essas mãos que fazem
do amor uma arte
apenas por existirem.
Mas tuas mãos continuam
grudadas na minha pele
e não há como colocá-las
nos versos.
E quando eu tento,
elas se colam.
Eu verso, verso.
Mas fico no reverso.
Eu sei que este poema
deveria...
Mas meu sentimento
assim meio pretérito,
um tanto condicional,
está tão virado para o futuro
que o presente indicativo
está todo tão escuro
e parece indicativo
que meu presente,
pelo menos na hora atual,
tem que esperar o presente...
do futuro.
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