“MORADORES DE RUA”
“Abandonados de rua”,
Pouco ou nada te resta,
Nem a vida é mais tua,
Para mim, tu não prestas.
Vive num mundo cego,
Numa vida sem valor,
Na verdade, não te enxergo,
Nem sinto a tua dor.
Teu mundo, não é este,
És um homem marginal,
Não sei porque nasceste,
Pois a mim não és igual.
O meu mundo não é o teu...
És um trapo abandonado,
O mundo todo te esqueceu,
Nas ruas desamparado.
Se nas noites, murmuras,
De amarguras e desgosto,
“Ó prisioneiro de ruas!”
Ainda, cuspo-te no rosto.
Assim, sempre tenho feito,
Pisar sem dó, nos já pisados,
Essas vidas sem direitos,
Têm marcas dos meus calçados.
Sou o mundo, sou o poder,
Sou o tudo, sou o querer,
Sou a força, sou o ter,
Sou aquele, sou você.
João C. de Vasconcelos
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