Nem Trepa, Nem Sai de Cima
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Desde o tempo de criança
Que a gente percebe a sina
Menino que enche o saco
Provoca sempre a menina
Na escola lhe dá beliscão
E às vezes lhe pega na mão
Nem trepa, nem sai de cima
E a gente vai crescendo
Vai dando a volta por cima
E vai prestando atenção
A coisa nunca termina
Com aquele tipo de gente
Que está sempre indiferente
Não trepa, nem sai de cima
Faz pouco caso da vida
Pra estudar não se anima
Nunca aprendeu a lição
O estudo nunca termina
Geralmente não trabalha
Mas se puder atrapalha
Não trepa, nem sai de cima
E a coisa fica comprida
Tem hora que até abomina
Ninguém segura o lixeiro
Do quadro aqui da Usina
Que apaga o que não gosta
Só perdoa o rola bosta
Não trepa, nem sai de cima
A culpa não é só do gari
Tem mais outro companheiro
Que faz o mesmo trabalho
É um tal de Justiceiro
Varre tudo que ele vê
Tudo em nome do PT
Não trepa, nem sai de cima
Mas o pior não é isso
Tem gente aqui na Usina
Que escreve muito pouquinho
Seu texto nunca fascina
Gente que é muito orgulhosa
Que vive fazendo prosa
Não trepa, nem sai de cima
Gente de mal com a vida
Gente muito vaidosa
Faz uso do auto-elogio
Propaganda enganosa
Fala mal de todo mundo
Mas sabemos, lá no fundo
Não trepa, nem sai de cima
Tem a turma da pesada
Cuja boca é uma latrina
Vive no anonimato
Palavrão nunca termina
Não escreve nada com nada
Vive sujando a calçada
Nem trepa, nem sai de cima
Há o que também reclama
Reclama mas não opina
Não dá sua sugestão
Só fala mal da Usina
Diz também que é bom de cama
Mas vive dormindo na fama
Nem trepa, nem sai de cima
Mentiroso por natureza
Não ajuda e nem ensina
Mas tem fama de bom moço
Só pensa naquilo por cima
Por baixo não apetece
O cabra logo esmorece
Nem trepa, nem sai de cima
Fala com autoridade
De quem sabe a disciplina
Diz que faz e acontece
Agrada qualquer menina
No mundo que é virtual
Pois no mundo que é real
Nem trepa, nem sai de cima
E vou ficando por aqui
Deixo o convite na esquina
Quem quiser compor no mote
É só seguir a rotina
Pois tenho mais o que fazer
Daqui a pouco vão dizer
Nem trepa, nem sai de cima
Isso não vou permitir
Não é essa minha sina
Sempre no computador
Mas se erro de menina
Não boto a mão em cumbuca
Não sou pessoa caduca
Não trepo e saio de cima
Diferente de partido
Que com o governo se anima
Promete esquecer o passado
Deixá-lo em qualquer esquina
Atrás de poder e dinheiro
Se alia ao companheio
Nem trepa, nem sai de cima
Convido os companheiros (e companheiras) do Cordel, que fazem versos e rima, com maestria e talento, para que montem nesse mote, e siga no seu galope, que é certo aqui não termina. E mostrem pra todo mundo, que nele não se amofina. Ou ponham as cartas na mesa, digam a todos da Usina, quem trepa e quem sai de cima.