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Artigos-->Que País É Esse? -- 12/07/2002 - 11:28 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUE PAÍS É ESSE?

(por Domingos Oliveira Medeiros)



O saudoso Cazuza, num de seus melhores momentos de desabafo e de explosão criativa, resumiu, no título da conhecida canção, o seu descontentamento para com os desacertos e desencontros que aconteciam neste país, à época da referida composição. Passados todos esses anos, e muito embora os motivos possam ser outros, retomamos a mesma indignação para falar dos desacertos e desencontros de hoje.



Refiro-me ao processo eleitoral em curso. Por mais que a gente tente evitar a crítica negativa e o desconforto da denúncia, as atitudes e os fatos inusitados desta fase pré-eleitoral nos impõem o dever de permanecer na tecla de tonalidade pessimista, sob pena de incorrermos no mal maior, que seria a irresponsabilidade da omissão.



Eleição é ato de cidadania. É dever e direito. É oportunidade de participação. É decisão que influi no futuro de todos nós. De nossos filhos. De nossos netos. Não basta, apenas, preencher os cargos eletivos, para que o Poder Legislativo e o Poder Executivo funcionem. A nossa responsabilidade, a responsabilidade do cidadão, é agora. No ato de escolha. No ato da seleção. Apesar das deficiências do processo político-eleitoral, que, infelizmente, ainda depende de ampla reforma, que este governo deixou de fazer, temos que lutar com as armas de que dispomos. E a participação, a análise crítica, a discussão, a sugestão, fazem parte do conjunto de armas de que dispomos. E é justamente com elas que resolvi elaborar este artigo. A título mais de alerta, de opinião, de sugestão.



É vergonhosa a situação a que chegamos. Não consigo entender o excesso de subserviência ao capital estrangeiro. Ao capital especulativo. Nem posso concordar com a ingerência externa nos assuntos que, a rigor, deveriam ser de exclusiva responsabilidade de nós brasileiros.



A impressão que se tem é que as eleições objetivam escolher um candidato com perfil mais próximo dos interesses dos investidores (especuladores) internacionais. Um presidente que se comprometa, desde já, em manter a atual política econômica, que visa, tão-somente, tornar o país atraente para os “investidores” estrangeiros. Ou seja: um gerente para tratar dos interesses de outros países.



Que se comprometa com a atual política de alta dependência externa. Política que prima pela manutenção dos juros em patamares elevados, em detrimento de nossa própria economia. Política de endividamento público crescente. Uma dívida que já ultrapassa metade do PIB nacional.



Política econômica que subtrai recursos para os investimentos que se fazem necessários para o desenvolvimento de nosso país. Política de aumento de receitas para manter o pagamento dos juros de uma dívida que cresce em proporções geométricas. Que já se tornou impagável. Enquanto grassa o desemprego, a violência, a miséria, o crime organizado, a desaceleração da economia. Política que adota o critério do aumento crescente e da venda de empresas rentáveis, para adquirir receita que é direcionada para o pagamento de juros da dívida, num ciclo vicioso que não tem fim.



Política que resulta na má distribuição e na concentração de rendas. Política que, por falta de investimentos, não se faz presente em relação às obrigações constitucionais do governo em relação a habitação, segurança pública, educação, assistência médica e hospitalar, saneamento básico, energia, e por aí vai.



E é para manter este estado de coisas que o presidente do Banco Central disse ontem, nos Estados Unidos, segundo a imprensa, que irá se encontrar com o deputado federal Aloísio Mercadante, principal assessor econômico do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, para tratar de assuntos relacionados à economia brasileira. O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ainda segundo a imprensa, tem mantido vários contatos com a direção do Fundo Monetário Internacional, banqueiros de Wall Street e autoridades da Casa Branca, numa tentativa de “acalmar” os ânimos dos investidores estrangeiros com relação ao Brasil. Houve até a notícia de que, para liberar novos empréstimos, o FMI teria exigido o apoio dos candidatos de oposição à atual política econômica do governo FHC.



E o pior de tudo isso é que a maioria dos candidatos que concorrem à Presidência da República está seguindo a receita de subserviência. À exceção de Ciro Gomes, que já se manifestou a respeito da dívida pública. Ele é favorável ao alongamento da mesma. E já recebeu críticas por isso. Não é por outra razão que o presidente do PT, José Dirceu, já se comprometeu a visitar os Estados Unidos para conversar com os investidores.



O candidato José Serra, não é nenhuma surpresa, foi o primeiro a criticá-lo. Disse que o Ciro pretende impor o calote, numa atitude de evidente oportunismo político. Pois o Serra é economista e sabe que o Ciro está mais do que certo. Sem investimentos e sem base parlamentar não se conseguirá fazer um bom governo. E para conseguir os recursos necessários para efetuar os investimentos, sem recorrer ao expediente de aumento de impostos, privatizações que já foram feitas, e recessão e baixos salários, a única saída seria o alongamento da dívida, para que o país possa respirar e retomar o desenvolvimento econômico.



A questão é meramente de ordem técnica. E o Serra sabe disso. Mas está jogando para a platéia externa. E muito provavelmente, se eleito, o candidato Serra irá prosseguir com a política econômica suicida de FHC.



Na verdade, o Ciro Gomes está preocupado, e com justa razão, é com o montante da dívida pública que já atinge cerca de R$ 650 bilhões. Dez vezes maior desde que FHC assumiu o governo. E só vê uma saída: alongar o prazo de vencimento dos títulos, oferecendo, aos aplicadores, compensações na forma de juros. E garante, ainda, que tais operações terão o caráter voluntário. Portanto, não se trata de “calote”, mas de uma saída séria e corajosa para esse impasse.



A bem da verdade, à exceção de Ciro Gomes, todos os candidatos evitam falar na questão crucial deste país: o endividamento público e privado. E todos eles criticam o Ciro Gomes. A bem da verdade, o único candidato que, até agora, tocou no ponto central do problema, apresentando solução adequada para romper com a inércia e a subserviência desse atual governo, chama-se Ciro Gomes. Uma boa sugestão para estes tempos difíceis. Um brasileiro independente, preparado e corajoso. E que já transformou seu programa de governo em livro que está à venda para conhecimento de todos. Ciro Gomes é, no meu entendimento, uma boa sugestão. Talvez a única. Nesse momento. Um país não pode prosperar enquanto depende, quase que totalmente, do capital estrangeiro, e dos boatos e mentirinhas que à toda hora pipocam no cenário financeiro, para aumentar a moeda americana e, por conseqüência, o nosso eterno endividamento. Temos que criar nossa própria riqueza. Nossa poupança. E nossa independência. Política e econômica.





DOM-12 de julho de 2002

























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