ah, magnífica noite que me sangra inteira,
que me entontece de música e melancolia.
estou aqui, viva e pulsante,
capaz de atravessar as tempestades.
por mim, não tornaria o dia.
para mastigar essa cantiga
é preciso escuro, frio, ausência de estrelas,
é preciso mais do que sou,
esgotar-me todas as reservas de poesia,
arrancar-me todas as tolices humanas,
mas me deixar o clarão silencioso,
o sentimento do eterno.
ah, nesse caminho repleto de brinquedos da alma,
quanto desperdício de felicidade,
quanto engano na construção dos dias.
o tempo não pára e talvez não volte.
enquanto sempre temos medo.
somos criaturas amedrontadas.
noite magnífica
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