Tua barba já cresceu
e, agora, vai servir,
não pro que tu já viveu,
mas para o que advir.
Valor ela sempre tem,
usá-la basta saber;
um fio dela, em cem,
costuma muito valer.
Barba não vai lá embaixo,
se tratada com carinho,
traz do saber o facho,
ilumina teu caminho.
Ela te desenrubesce,
mas nada quer esconder,
finge que te enlanguesce,
mas quer te fortalecer.
Se de acordo torcida,
ela te faz refletir
sobre como vai a vida
que tu levas a fingir.
Ela serve pra lembrar,
cada vez que é tocada,
como a vida levar
quando boca é usada.
Se a boca é usada
pra falar, ou engolir,
tua barba, se tocada,
vai poder lhe prevenir.
Ela avisa bem antes
o que vai acontecer,
corta falas arrogantes,
diz o que deves comer;
diz também o que beber
e a quem acompanhar;
não vai te entristecer,
quando voltares do bar.
Se tu, ainda, és moço,
e tua barba conserva,
juro, serás um colosso,
ela sempre te desnerva.
Mas quem contigo convive
não deve disso saber;
a barba, se sobrevive,
vai muito te enobrecer.
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