Ele era o melhor dos discípulos do mestre... Esforçava-se por colocar tudo do que ouvia em prática. Quando conversava com os seus colegas, todos percebiam que ele tinha uma leve tendência de levar tudo muito radicalmente a sério e fazer muito ao pé da letra tudo que o mestre mandava.
Naquele dia, todos acharam que ele estava compenetrado por demais... Mas como muitos desses códigos que todos têm com seus grupos, ninguém quis comentar nada... E juntos ouviram com muita atenção a lição que o mestre ministrava: “VIVA COMO AS FLORES”.
Mais tarde, quando os outros alunos passaram viram o comportamento estranho dele quando estava na praia encostado ao velho barco, com um olhar muito distante parecia meditar nas lições que aprendera. Mas ninguém ligou porque ele era mesmo assim...
Pelo seu lado ele, o discípulo, via as coisas de outro ângulo, e estava muito triste e pensava que as pessoas no geral não prestavam muita atenção em lições tão preciosas como estas que a vida traduzia em palavras através da boca do mestre... Eram muito poucos os que queriam viver como as flores, cheirar como elas, enfeitar a vida do jeito que elas faziam... Pouquíssimos mesmo ficavam parados nos seus cantos esperando que o encanto da vida os regasse de novas cores todos os dias quando os raios de sol da vida providenciasse que cada um enfeitasse seu dia com alegria e seriedade ao mesmo tempo... E eram poucos ainda que queriam viver uma vida de espera do dia glorioso em que algum deus inebriado de amor pudesse colhê-lo para ofertar em um buquê à sua amada, ou fosse colocado num ramalhete bonito numa sala esperando impassível que fosse notado pelos anjos que porventura cantassem à sua volta...
Todos se esqueceram daquele dedicado discípulo e foram dormir em suas casas. O outro dia era folga, e somente dois dias depois voltaram para a aula...
Ficaram pasmados quando viram o discípulo no mesmo lugar que deixaram... Totalmente murcho...
Mas ainda com um sorriso de flores nos lábios...
