DESCRENÇA?
Lílian Maial
Nasci de mãe tão cristã,
que o meu batismo era fato,
mas fui crescendo pagã,
como toda cidadã,
que acaba pagando o pato.
Fui crismada inda por cima,
confirmando a entrega a Deus,
dessa menina traquina,
que a própria idéia abomina,
de coração tão ateu.
Se sou descrente, não noto,
porque vivo a natureza.
Se Deus quisesse meu voto,
na urna do mais devoto,
me diria, com certeza.
Não temo a morte, sofrida,
pois faço parte de um ciclo,
que tudo o que está na lida
se esvai, é assim na vida,
malabaristas de um circo.
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