ESCADARIA de CHICHEN-ITZÁ
Elane Tomich
Porque subir imensa escadaria
de uma pirâmide em pedra escalonada,
se no topo revelar-se-ia
uma verdade que a mim não servia?
Minha verdade é meio mesclada
à meia luz numa água-furtada,
em tons de azul, que atinge certeiro,
do presente ser eu, sonho verdadeiro.
Onde a certeza foge em revoada
virando ao avesso os sons da clareza
caindo em vértice, tão desvairada
do solstício, serpente e leveza.
Como eu queria sustentar a sorte
do que é belo sustentando a luz,
sem a dolorida dúvida do corte
que a certeza à morte conduz.
Mas lá no alto, um totem enigmático
mostra um mistério de cada vez.
Em cada face, um veio temático
perde-se em falhas de minh alma ao revés
Chega-se ao cume e onde está o tesouro?
Todo saber de cristal e de ouro
numa verdade, que em deus, se insiste
mas que é cinza do que não existe.
Como eu queria sustentar meu norte
onde girasse rosa louca ao vento
da ilusão que me cega à morte
de um amor-paixão firmado em testamento.
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