Usina de Letras
Usina de Letras
248 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62173 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Máquina Rangente -- 06/11/2000 - 05:41 (Georgina Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
.





O que é o futuro, senão uma máquina rangente

a qual se propõe besuntar com o óleo da misericórdia?



– Deus salva, Deus guarda, Deus acolhe!



A incerteza de sobreviver ao pranto,

e até mesmo à ingênua alegria de um fim de tarde...



– O arco-íris, o assalto à mão-armada...



O que é o presente senão vislumbrar no espelho

um desconhecido daquele que ontem fui?



Hoje a pele inunda em rugas

e alastram-se, epidêmicas, as manchas senis.

O olhar, no entanto, pareceria o mesmo,

não fosse a imagem evitada e vista de soslaio.

Medo da inércia (ou será paz?)

que a ausência da paixão desperta.

O relógio não tem mais cuco ou badalo

A vida, esta sim, permanece implacável...



O que é o futuro senão esse tremor incontrolável

que lubrifico com suor noturno?



Acordo na madrugada

e revejo os pesados armários da infância.

Não importa onde eu esteja,

ali está o assustador paletó, cobrindo a cadeira.



Mas a manhã, ainda que demore, chega

e a máquina rangendo, forte e estúpida...

Necessito ser untado com óleo morno,

acariciado e acalentado por mãos finas e canto macio.



Que a misericórdia não me deixe só na noite...

Permita ainda uma medíocre luz acesa,

suficiente para afastar fantasmas.



Não me dê conta, suplico, ser eu mesmo

os seres que temo, assombrado.

O mofo da pele não dá mais pra atenuar,

nem sacudir o pó das entranhas.



Finalmente adormeço, abatido,

aos primeiros sopros da manhã...










mgalbuquerque@ig.com.br











Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui