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Poesias-->Um mar libertino -- 11/09/2004 - 01:10 (Lizete Abrahão) |
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UM MAR LIBERTINO
Lizete Abrahão
Eu sou como o mar, não violes minha intimidade
Olha-me devagar, saboreia minhas ondas
Não me craves tuas garras nem tua saudade
Não queiras dominar este abismo que rondas
Desvia simplesmente essa tua face obscena
Das águas que movem meu ser profundo
Não mais me ilude tua falsa feição serena
Indigente do amor é teu papel neste mundo
Mais alto que teus desejos de minhas mágoas
Dominam os meus sonhos de sol e firmamento
Com eles ao meio dia incendeio minhas águas
Em meio à noite beijam-me as estrelas e o vento
Trago meus lábios molhados de azul e de sal
Dou prazer a uma carícia de minha espuma
Sou fera erguida no lupanar de um vendaval
Rasgo-me as entranhas na quilha duma escuna
Meu ventre fecundo resplandece de corais
Meus cabelos ao vento, murmúrios de aves
Meus seios, das profundezas são os castiçais
Sob o caminho que percorrem tantas naves
Arrasta o teu vinho e esse riso de deboche
Vê se encara teu destino sem nenhum desatino
Mais triste do que seres um triste fantoche
É não teres os sonhos de um mar libertino
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